LESÕES NA CAPOEIRA
por: CARLOS ROBERTO PELEGRINO ALVES DE SENA
RESUMO
A distância entre a prática da capoeira e o universo acadêmico é o fator determinante da origem deste artigo. Atualmente a capoeira é reconhecida como importante atividade física da cultura brasileira. Inúmeros benefícios estão associados a sua prática, contudo, existe uma quantidade restrita de pesquisas sobre as lesões pertinentes a modalidade. O objetivo deste artigo é descrever as principais lesões de joelho decorrentes da prática da capoeira, como também relatar diante de vários, alguns fatores que as promovem. O método utilizado foi à revisão de literatura. Os resultados obtidos sugerem que as principais lesões de joelho encontradas na prática da capoeira são as ligamentares, com predominância de “ligamento cruzado anterior” e as de meniscos. As principais causas das lesões são: as mecânicas, como os deslocamentos rápidos, os movimentos repetitivos e extenuantes e as mudanças bruscas de direção (que acentuam a ação da força de atrito e conseqüentemente a força de reação do solo); e as biológicas como o sistema muscular debilitado, a ação proprioceptiva falha e a flexibilidade muscular limitada.
INTRODUÇÃO
A capoeira, hoje patrimônio histórico, assim como o negro vive momentos de alforria, mas que no passado, segundo Gladson (1989), sofreu intermináveis violências como em 15/12/1890, quando um dos mais renomados políticos, Rui Barbosa, então Ministro da Fazenda do governo de Deodoro da Fonseca, prestou um péssimo serviço à nação, mandando queimar todos os documentos referentes à escravidão negra no Brasil, motivo este que temos tão poucos relatos sobre os acontecimentos da época e concomitantemente a capoeira e seus eventos, mas que nos dias de hoje é prestigiada não somente em nosso país, mas em todos os continentes do mundo.
A capoeira a partir de 1972 passou a ser considerada como modalidade desportiva (GLADSON, 1989).
E, como todo esporte, pode ocasionar lesões durante sua prática em decorrência dos movimentos repetitivos, da força de atrito no pé de apoio, dos movimentos que exigem maior flexibilidade ou que induzem a uma má postura, e que geralmente acometem às articulações dos tornozelos, punhos, ombros, cotovelos e joelhos, assim como, as musculares e lombalgias (MOREIRA, 03/02/2008).
“Enquanto o deslocamento do tronco para trás concentra o peso corpóreo no calcanhar do pé apoiado posteriormente produzindo uma extensão reflexa do joelho correspondente o da coluna vertebral, sobrecarregando a massa muscular posterior da perna, impedindo a mobilização rápida do membro de apoio posterior e a esquiva para trás, além de criar condições mecânicas a instalação de lesões mio-ligamento-articulares. O joelho, devido à sustentação, forças externas e deslocamentos rápidos com as mudanças bruscas de direção, é uma das articulações mais exigida na prática da Capoeira”.
(DECANIO, 2008)
O objetivo deste artigo é descrever as principais lesões de joelho decorrentes da prática da capoeira, como também relatar os fatores que as promovem.
DESENVOLVIMENTO
1. CAPOEIRA
“Existem diversas versões a respeito da origem da Capoeira. A mais comum acredita que ela vem da dança N’GOLO, ou dança da zebra. Na África, em Angola, segundo a descrição do Mestre Bola Sete (1997)”, [...] existia um ritual bastante violento chamado jogo da zebra, onde os negros lutavam aplicando cabeçadas e pontapés e os vencedores tinham como prêmio as meninas da tribo que ficavam moças “(p.19). Segundo (Valdeloir Rego 1968), ressalta que essa dança era praticada por negros no Brasil, como divertimento em dias de domingos e feriados em festas de lago.Outras manifestações que lembram a capoeira podem ter origem em diversos movimentos de danças distintas da África. Por exemplo, a Bassula, a Cabangula ou mesmo o Umundinhú” (SOARES, 1995) (DARIDO 2005, p 263).
Segundo o artigo de Fontoura e Guimarães (2002), por volta de 1550 é que os primeiros escravos africanos começaram a desembarcar no Brasil, oriundos de diferentes tribos, com diferentes costumes e culturas.
Trabalhando num regime de sol a sol, chicoteados pelos seus feitores, derrubavam matas, preparavam a terra, plantavam a cana e produziam, com o amargor do sofrimento, o açúcar, doce riqueza dos senhores (AREIAS, 1996, p.11).
Viu-se, a capoeira nestas circunstancias, tolhida em seu desenvolvimento, sendo praticada às escondidas ou disfarçada, cautelosamente, com danças e músicas de sua terra natal (PASTINHA, 1988, p.28).
Com o processo de colonialismo brasileiro e com a chegada dos negros escravos originários da África, aqui a capoeira apareceu como forma de defesa pessoal dos escravos contra seus opressores do engenho (SANTOS, 1990, p.19).
De acordo com Mello (1996) apud Fontoura e Guimarães (2002), a capoeira acontecia de forma clandestina, pois uma vez usada como arma de luta, os senhores do engenho à coibiam veementemente na base da tortura.
O capoeira desde o seu aparecimento foi considerado um marginal, um delinqüente, em que a sociedade deveria vigiá-lo, e as leis penais enquadrá-lo e puní-lo (REGO, 1968, p. 291).
Mesmo depois de abolida a escravidão, os capoeiristas continuaram a sofrer perseguições da polícia e eram mal vistos pela sociedade (GLADSON, 1989, p. 22).
Do artigo 402, do código penal capitulo XIII de 1890 diz; Fazer nas ruas e praças públicas, exercício de agilidade e destreza corporal conhecida como capoeiragem; prisão celular de dois a seis meses (REGO, 1968, p. 292).
Em 1907, surge a primeira tentativa de instituição de uma ginástica brasileira, com o opúsculo O GUIA DA CAPOEIRA OU GINASTICA BRASILEIRA, cujo autor se oculta sob as iniciais de O D.C. (GLADSON 1989, p. 22).
Segundo informações de Mestre Sinhozinho(Agenor Sampaio), muitos moços daquela época e de boas famílias passaram a praticar a capoeira, vendo nela excelente exercício de destreza e recurso de defesa pessoal (GLADSON, 1989, p.22).
“Em 1936, surge Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado), sendo o grande pioneiro na projeção da capoeiragem. Faz a primeira demonstração da inovação do seu trabalho, e um ano depois é convidado pelo então governador da Bahia, General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação no palácio para um grupo de amigos e autoridades convidadas, mostrando a eles uma parte da nossa herança cultural. Naquele mesmo ano a capoeira é oficializada pelo governo como instrumento de Educação Física e Mestre Bimba recebe da Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública uma licença e registro para funcionamento da sua escola como centro de Educação Física” (AREIAS, 1983, ps. 67 e 68)
Em 1972 a capoeira foi homologada pelo Ministério da Educação e Cultura como modalidade desportiva (GLADSON 1989, p. 23).
A Confederação Brasileira de Pugilismo, pelo seu Departamento Especial de Capoeira, elaborou o Regulamento Técnico que norteou a vida da capoeira-esporte em todos os eventos e graduações oficiais em âmbito nacional, e tendo como órgãos responsáveis, em nível estadual, as respectivas Federações e nos dias de hoje a Capoeira é ensinada em academias, clubes, escolas e universidades, com o lúdico, o ritmo e a luta (GLADSON 1989, p.23).
2. LESÕES NA CAPOEIRA
De acordo com Moreira (03/08/2008), a mecânica de alguns movimentos da capoeira, pelo excesso repetitivo ou pela realização inadequada, promove as seguintes lesões:
Tornozelo
Geralmente ocasionada em decorrência de torções durante a ginga, deslocamentos e impactos ao término dos saltos.
Lesões Musculares
Geralmente na realização inadequada de determinados movimentos executados com excesso de explosão, podem acarretar lesões tais como: distensão, contusão, estiramento e contratura muscular.
Lombalgias
Geralmente acontece no trabalho realizado em postura pouco natural, como movimentos inesperados e súbitos, os quais também exigem grande flexibilidade como a ponte, que também força a região facetária das vértebras.
Punhos
Geralmente acontece no impacto dos MMSS. no solo tais como: mortal com as mãos e as quedas (desequilibrantes).
Ombro
Geralmente acontece nos movimentos com exploração da amplitude total do ombro, associando-se à descarga de peso nesta articulação, tais como: macaco, S-dobrado, paradas de mão c/queda de rins, aú giratório, etc… Pode-se chegar a uma artrite traumática.
Menisco ligamentares do joelho
Lesão que geralmente ocorre em detrimento de sobrecarga na articulação,uma hiperextensão ou até mesmo ao atrito e uma torção da articulação devido o pé estar fixado no chão, geralmente acontece durante na execução dos golpes e ao aplicar ou receber movimentos desequiibrantes (quedas).
Cotovelo
Perigo de luxações e entorses, nos movimentos de floreio.
Fonte: site www.capoeiraequilibrio.com.br/fisioterapeuta Izabel Braz Moreira
“O capoeirista para aprender um novo golpe ou movimento precisa desenvolver o uso sincronizado de vários grupos musculares simultaneamente. Isso vai viabilizar o uso destes grupos musculares também em práticas corriqueiras no dia a dia, diferentemente do praticante da musculação que trabalha isoladamente para cada grupo muscular. Por outro lado, deve-se tomar muito cuidado, pois a prática indevida pode ocasionar lesões musculares, assim como, lesões articulares, muitas vezes irreversíveis, que podem acarretar prejuízos ao praticante, pelo resto de sua vida”. (BURIANOVÁ, Ph Dr. ZUZANA, 2007).
De acordo com Andrews (2000) apud Cintra Neto (2006), a articulação do joelho é a mais constantemente lesada em todo o corpo, em especial em indivíduos que participam em atividades atléticas, sendo a instabilidade permanente e progressiva mais alta do que qualquer outra lesão articular nos esportes.
3. PRINCIPAIS LESÕES DE JOELHO NA CAPOEIRA
“Foram avaliados treze pacientes que foram submetidos a cirurgia de reconstrução de ligamento cruzado anterior (LCA), todos atendidos e operados pela Equipe de joelhos do setor de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, sendo que dos 13 pacientes estudados, 10 eram homens (76,9%) e três mulheres (23,1%) e a média de idade foi de 34,5 anos, o esporte mais praticado antes da lesão foi o futebol, (69,2%), seguido da capoeira e basquete (todos com 7,7%). O mecanismo de trauma mais freqüente foi a entorse (10 pacientes – 76,9%), seguida do trauma direto em três pacientes (23,1%)”.(BONFIM, PACCOLA, 2000).
Segundo Petersen e Renstrom (2002, p. 267), “lesões no ligamento colateral medial e lesões meniscais são a maioria, mas, rupturas de ligamento cruzado anterior (LCA) também são comuns e responsáveis por uma considerável quantidade de tempo perdido no esporte”.
3.1 LESÕES LIGAMENTARES
“A articulação do joelho é estabilizada por quatro fortes ligamentos: o ligamento colateral medial (LCM), o ligamento colateral lateral (LCL), o ligamento cruzado anterior (LCA) e o ligamento cruzado posterior (LCP), sendo que o LCM e o LCL evitam a movimentação látero-lateral, enquanto o LCA e o LCP limitam a movimentação anormal antero-posterior. Lesões por torção que causam forças excessivas sobre esses ligamentos podem rompê-los”. (PETERSEN E RENSTROM, 2002, p. 268).
Na articulação do joelho, a qual a configuração dos ossos não é particularmente estável, a tensão nos ligamentos contribui muito para a estabilidade articular, ajudando a manter as extremidades ósseas articuladas. (Hall, 2005, p. 121).
A localização de cada ligamento determina a direção na qual será capaz de opor resistência a uma luxação do joelho. (HALL, 2005, p. 231).
A maioria das lesões no joelho, especificamente o ligamento cruzado anterior (LCA) ocorre nas praticas esportivas, principalmente naquelas que envolvem desaceleração, rotação e saltos (BONFIM e PACCOLA, 2000).
“O LCA é o restritor primário da anteriorização da tíbia em relação ao fêmur, sendo responsável por 75% da estabilização anterior do joelho. A lesão de LCA é considerada grave, pois gera uma instabilidade do joelho em movimentos de rotação e mudanças de direção, a perda do LCA não produz somente cinética anormal, mas também freqüentemente resulta em grandes mudanças degenerativas no joelho. O LCP (Ligamento Cruzado Posterior), bloqueia o deslocamento anterior do fêmur sobre a tíbia. É mais robusto, porem, mais curto e menos obliquo em sua direção que o anterior”. (PETERSEN e RENSTROM 2002, ps. 271 e 273).
3.2 LESÕES DE MENISCOS
“Os meniscos lateral e medial são fibrocartilagens intra-articulares que apresentam as seguintes funções: aumentar a congruência das articulações tibiofemorais, distribuir a pressão, lubrificação, estabilização da articulação do joelho em todos os planos (principalmente conferindo estabilidade rotacional), prevenir o colapso da membrana sinovial durante a flexo-extensão, sustentar de 40 a 60% da carga total sobre o joelho e até 85% na flexão, absorver impacto fêmoro-tibial em até 20% e função proprioceptiva através de receptores específicos”. (CAMPBELL,1997) (CINTRA NETO, 2006).
As lesões do menisco medial são 20 vezes mais freqüentes que as lesões do menisco lateral. O menisco medial adere firmemente à cápsula articular e ao ligamento colateral medial, de modo a ficar mais exposto aos traumatismos. (VARGAS et al, 2002).
“O menisco medial é parte do complexo ligamentar medial, sendo inserido na cápsula em toda sua extensão, alem de apoiar-se sobre uma superfície côncava. Isto permite menor mobilidade durante os movimentos articulares, sendo considerado o menisco da estabilidade, suas lesões são classificados como; traumáticas, degenerativas e congênitas, decorrentes de traumas rotacionais ou axiais, evidenciados na prática esportiva, subida de escadas e rampas e na queixa de falseio, o menisco lateral também poderá apresentar lesões; traumáticas, degenerativas e congênitas, conseqüentes também de traumas rotacionais (VARGAS et al,2002).
“Em esportes de contato, é comum a ocorrência de lesões dos meniscos, muitas vezes combinadas com lesões ligamentares, particularmente quando o menisco medial é envolvido, sendo com frequencia causadas por impacto de torção no joelho. Em casos de rotação externa do pé (eversão) e da porção inferior da perna em relação ao fêmur, o menisco medial fica mais vulnerável, enquanto em rotação interna do pé(inversão) e parte inferior da perna, o menisco lateral é facilmente lesado e acontecendo também na hiperextensão ou hiperflexão do joelho”. (PETERSEN e RENSTRON, 2002 p. 298).
4. ORIGEM DAS LESÕES
4.1 FATORES MECÂNICOS
“[...] tomando-se como referência outras expressões do movimento humano (1), pode-se classificar as cargas externas geradas nos movimentos armada pulada e no parafuso como sendo de moderada intensidade. Considerando ainda que a carga externa, quando aplicada em intensidade e/ou volume excessivos, pode provocar lesões em diversas estruturas do tecido biológico, deve-se dedicar especial atenção à seleção dos movimentos utilizados nas aulas de capoeira (BRENNECKE, AMADIO, SERRÃO, 2005)
O risco da prática da capoeira encontra-se na falta de consciência e orientação para a realização dos movimentos, o que pode levar a ocorrência de lesões (MOREIRA, 03/08/2008).
[...] ainda que em situações de jogo dificilmente se execute diversas vezes o mesmo movimento, em situações de treinamento a repetição sistemática de um mesmo movimento é usualmente realizada, aumentando, portanto, as chances de lesões por sobrecarga em indivíduos não preparados e/ou fadigados”(BRENNECKE, AMADIO, SERRÃO, 2005)
A lesão de joelho geralmente ocorre em detrimento de sobrecarga na articulação, uma hiperextensão ou até mesmo ao atrito e entorse da articulação devido o pé estar fixado no chão, geralmente acontece durante a execução dos golpes e ao aplicar ou receber movimentos de quedas (MOREIRA, 03/08/2008).
Segundo (Smith, Weiss e Lehmkuhl, 1997, ps. 24 e 25) a força do atrito pode proporcionar estabilidade se ótimo, retardar o movimento se excessivo e levar a instabilidade se inadequada.
Decanio (2008), médico e ex-aluno de Mestre Bimba, relata que o joelho, devido à sustentação, forças externas e deslocamentos rápidos com as mudanças bruscas de direção, é uma das articulações mais exigida na prática da Capoeira.
“Várias podem ser as causas de lesões no joelho devido à capoeira, exemplo é o excesso de peso do capoeirista, assim como, a repetição excessiva do movimento de flexo-extensão dos mesmos, que provocam um desgaste gradual desta articulação deixando-a propensa a lesões”.(MOREIRA, 2008).
“Na Capoeira, em alguns casos a simples flexão é suficiente para a realização do movimento, porém, em outros esta articulação necessita de sua capacidade máxima para que o movimento ocorra, como por exemplo, segundo a música, de domínio público, descrita a seguir, onde nota-se que o ritmo e a música pedem um jogo mais lento e compassado, com corpos rentes ao solo, com ambas as mãos e pés servindo como apoio e com a articulação do joelho sendo utilizada em flexão máxima”. (MOREIRA, 2008).
“Devagar
Oi devagarinho
É que o jogo de angola
Ele é bem miudinho…”
“Esportes competitivos, como os de lutas, obrigam a treinamentos intensos e longos, havendo sem duvida sobrecarga ao corpo humano, e neste aspecto, o joelho fica vulnerável, seja em atletas ou esportistas. Sendo, portanto, uma articulação muito comumente envolvida em lesões esportistas recreativas e profissionais. Nos esportes de contato, o atleta é ainda mais suscetível, pois além destes fatores, ainda esta envolvido o peso do outro atleta, levando a uma maior sobrecarga”.(ASSIS, GOMES e CARVALHO, 2005).
“Segundo trabalho cientifico publicado no VII Congresso de Iniciação Cientifica e V Simpósio de Pós Graduação da Escola de Educação Física e Esporte da USP, de acordo com (Stallard, 1984), “a força pode ser definida como uma ação física, que tende a mudar a posição do corpo no espaço”, ou seja, segundo o trabalho, as forças mensuráveis são as forças externas, transmitidas entre o corpo e o ambiente, isto é, forças de reação. E segundo (Stucke, 1984), a força de reação do solo que ocorre durante a fase de apoio ou contato, é um dos principais parâmetros externos da estrutura do movimento com influência na quantificação da sobrecarga mecânica sofrida pelo aparelho locomotor”. (HEINE, SERRÃO e ALMEIDA, 2000).
“A boa mecânica corporal requer que a amplitude de movimento articular seja adequada, porém não excessiva. Existe um principio básico relativo aos movimentos articulares; quanto maior a flexibilidade, menor a estabilidade; quanto maior a estabilidade menor a flexibilidade; onde o desempenho habilidoso em uma variedade de esportes, danças e atividades acrobáticas requerem flexibilidade e comprimento muscular excessivos. Embora possa ser aplicado para a melhora do desempenho em determinada atividade, pode afetar adversamente o bem estar do individuo que o está desempenhando”.(KENDALL, MC CREARY e PROVANCE, 1995).
4.2 FATORES BIOLÓGICOS
“É fato que a presença de desequilíbrio muscular entre extensores (quadríceps) e flexores (ísquio-tibiais) do joelho pode contribuir para uma maior ocorrência de lesões, e que uma musculatura em harmonia pode evitar ou pelo menos minimizar, não só as lesões do joelho, mas também de todas as articulações e músculos do corpo”.(ASSIS, GOMES e CARVALHO, 2005).
“A articulação do joelho é composta por músculos extensores e flexores sendo extensores; reto da coxa, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio, os quatro músculos formam uma única fixação distal forte na patela, cápsula do joelho e superfície proximal anterior da tíbia, e os flexores; bíceps femoral, semitendinoso e o semimembranoso (coletivamente chamados de isquiotibiais); o gastrocnêmio, o plantar, o poplíteo, o grácil e o sartório. Músculos, estes que passam posteriormente ao eixo de flexão e extensão variável de flexão do joelho”.(SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997, p.359, 361).
Um bom trabalho de musculação dentre vários, para a ativação dos músculos extensores pode ser: a cadeira extensora e o trabalho com caneleiras (também na cadeira extensora), pois ativa melhor o vasto medial devido a maior resistência nos últimos graus de extensão; quanto que aos músculos flexores o Leg-press, com o apoio alto, tendo uma maior amplitude articular do quadril e uma menor amplitude articular do joelho, trabalhando ativamente em maior proporção os músculos flexores em comparação ao apoio baixo, sendo que este exercício também trabalha o quadríceps, com isso, é indicado para pessoas que apresentam alterações de ligamento cruzado anterior; e o agachamento; onde estarão envolvidas as articulações do quadril, joelho e tornozelos serão trabalhados os músculos extensores do quadril (bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso e glúteo máximo) extensores do joelho (reto femoral, vasto intermédio, vasto medial e vasto lateral) e flexores plantares (gastrocnêmios e sóleo) trabalho este, que seja realizado, desde que não tenha articulações em processo inflamatório”(LIMA e PINTO, 2005).
Segundo (Nunes, Castro, Marchetto e Pereira, 2003), propriocepção, é definida como a capacidade inconsciente de sentir o movimento e posição de uma articulação no espaço. No joelho ela é medida por mecanoreceptores situados nas suas principais estruturas como ligamentos, cápsula articular, tendão patelar, meniscos, etc…
“Os receptores das terminações nervosas informam as alterações mecânicas das estruturas músculo-articulares, as aferências dos sistemas músculo-articulares projetam-se para os centros de processamento no cérebro, por meio de reflexos algumas vezes imperceptíveis e por meio das vias de controle motor, que podem influenciar os neurônios motores que controlam a atividade muscular e as atividades das vias neurais que regulam o próprio sistema músculo-articular, portanto a propriocepção é inicialmente trabalhada de uma maneira consciente por meio de exercícios de equilíbrio, postura do joelho no espaço, tempo correto de atuação dos músculos flexores antes de chocar o pé contra qualquer obstáculo, mesmo o solo, ou seja, puro trabalho sensório-motor, através das vias aferentes e eferentes”. (EKMAN, 2000 apud ARCHOUR JR., 2002, p. 301)
De acordo com Dover (2003) apud Bonetti (2007), exercícios proprioceptivos são uma parte integral do processo de reabilitação, sendo prudente seu uso na prevenção de lesões desportivas, pois estudos realizados comprovaram que a prescrição destes exercícios melhora o senso de posição articular e evita que as lesões ocorram.
“A propriocepção é inicialmente trabalhada de uma maneira consciente por meio de exercícios de equilíbrio, a postura do joelho no espaço, tempo correto de atuação dos músculos flexores, etc. A repetição exaustiva deste treinamento consciente fará com que o mesmo se torne automático e inconsciente preparando o individuo a usar seus músculos flexores antes de chocar o pé contra qualquer obstáculo, mesmo o solo. Vário técnicas existem para se treinar a propriocepção do joelho, tais como, a balancinha e a cama elástica, aparelhos estes, os quais propiciam instabilidade durante os exercícios para que se adquira uma melhor estabilidade articular, onde em média se necessita de quatro a seis semanas de trabalho para um bom resultado final”.(NUNES, CASTRO, MARCHETTO e PEREIRA, 2003).
“O programa de exercícios proprioceptivos, para propor um trabalho preventivo, deve ter exercícios dinâmicos, mutidirecionais e específicos de cada esporte. Estes exercícios trabalham principalmente com componentes da estabilidade dinâmica das articulações (unidades músculo-tendíneas) que mantém os membros e articulações estáveis durante os movimentos. Este treinamento de exercícios dinâmicos específicos de cada esporte, permite facilitações na adaptação proprioceptiva na articulação do joelho em atletas, evitando falseios e instabilidades”.(HEWETT, 2001; BONETTI, 2007).
“Tanto os tecidos contráteis (sarcômeros), como os não contráteis (fascias, tendões e ligamentos), tem propriedades elásticas e plásticas. Se há intenção de ocasionar deformação no tecido à longo prazo, a tensão aplicada deve alcançar, e até mesmo, superar ligeiramente o limite elástico do tecido e mante-lo por determinado tempo, ou seja, é necessário procurar manter o equilíbrio na atividade de alongamentos e conhecimento, pois é de suma importância na prática esportiva. O sistema muscular acometido de encurtamento ou insuficiência de flexibilidade aumenta a estimulação dos agonistas via fuso muscular ao acionar o músculo para contrair-se, tornando-o mais rígido e os seus antagonistas mais lassos. Como consequência, instala-se um sistema hipotônico antagonista e um hipertônico agonista, instalando a assimetria, causando; aumento do gasto energético; desestabilização da postura; utilização de fibras compensatórias; compressão das fibras nervosas; aumento das incidências de cãibras e dor”; prejuízo da técnica nas habilidades atléticas e de luta”(ARCHOUR JR, 2002 p. 295).
CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objetivo pesquisar sobre lesões que acometem os indivíduos que praticam a capoeira, assim como tentar identificar quais os fatores que as promovem. A partir das informações coletadas na revisão de literatura, concluiu-se que: as lesões de joelho, com predominância de “Ligamento Cruzado Anterior” e “Meniscos” em decorrência da postura do individuo estão mais sujeitas a acontecer através dos deslocamentos rápidos com mudanças bruscas de direção (ginga e fintas de corpo), bem como, movimentos repetitivos e extenuantes (golpes de linha e giratórios), em decorrência da soltura dos golpes e o pé de apoio no chão, ocasionando a força de atrito e resultando na força de reação do solo, onde dependendo do piso e o indivíduo estando descalço será menor e calçado será maior. Forças externas que com o passar do tempo, poderão ocasionar uma frouxidão ligamentar em decorrência das micro-lesões sem intervalos ocasionadas pelo Stress, podendo chegar a uma ruptura ligamentar. No movimento de rotação, tomemos como exemplo o golpe da armada, acontecerá o trabalho sensório – motor; sensório (SNC- via eferente -ligamentos) e motor (ligamentos – via aferente – SNC), momento este em que acontecerá um deslizamento rotacional dos côndilos femorais, lateral e medial do fêmur, sobre os Platôs tibiais lateral e medial da tíbia, podendo acontecer o atraso da mensagem eferente quanto a controlar ou até mesmo parar o golpe giratório, devido a uma ação proprioceptiva falha ocorrendo a frouxidão ligamentar, concomitantemente com o sistema muscular debilitado e a flexibilidade limitada, poderá ocorrer o rompimento do LCA e por muitas vezes acompanhado da lesão de menisco. O fortalecimento muscular, os exercícios de propriocepção e alongamentos, não neutralizarão a possibilidade de lesões, mas agirão preventivamente contra as mesmas.
REFERÊNCIAS
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por: CARLOS ROBERTO PELEGRINO ALVES DE SENA
RESUMO
A distância entre a prática da capoeira e o universo acadêmico é o fator determinante da origem deste artigo. Atualmente a capoeira é reconhecida como importante atividade física da cultura brasileira. Inúmeros benefícios estão associados a sua prática, contudo, existe uma quantidade restrita de pesquisas sobre as lesões pertinentes a modalidade. O objetivo deste artigo é descrever as principais lesões de joelho decorrentes da prática da capoeira, como também relatar diante de vários, alguns fatores que as promovem. O método utilizado foi à revisão de literatura. Os resultados obtidos sugerem que as principais lesões de joelho encontradas na prática da capoeira são as ligamentares, com predominância de “ligamento cruzado anterior” e as de meniscos. As principais causas das lesões são: as mecânicas, como os deslocamentos rápidos, os movimentos repetitivos e extenuantes e as mudanças bruscas de direção (que acentuam a ação da força de atrito e conseqüentemente a força de reação do solo); e as biológicas como o sistema muscular debilitado, a ação proprioceptiva falha e a flexibilidade muscular limitada.
INTRODUÇÃO
A capoeira, hoje patrimônio histórico, assim como o negro vive momentos de alforria, mas que no passado, segundo Gladson (1989), sofreu intermináveis violências como em 15/12/1890, quando um dos mais renomados políticos, Rui Barbosa, então Ministro da Fazenda do governo de Deodoro da Fonseca, prestou um péssimo serviço à nação, mandando queimar todos os documentos referentes à escravidão negra no Brasil, motivo este que temos tão poucos relatos sobre os acontecimentos da época e concomitantemente a capoeira e seus eventos, mas que nos dias de hoje é prestigiada não somente em nosso país, mas em todos os continentes do mundo.
A capoeira a partir de 1972 passou a ser considerada como modalidade desportiva (GLADSON, 1989).
E, como todo esporte, pode ocasionar lesões durante sua prática em decorrência dos movimentos repetitivos, da força de atrito no pé de apoio, dos movimentos que exigem maior flexibilidade ou que induzem a uma má postura, e que geralmente acometem às articulações dos tornozelos, punhos, ombros, cotovelos e joelhos, assim como, as musculares e lombalgias (MOREIRA, 03/02/2008).
“Enquanto o deslocamento do tronco para trás concentra o peso corpóreo no calcanhar do pé apoiado posteriormente produzindo uma extensão reflexa do joelho correspondente o da coluna vertebral, sobrecarregando a massa muscular posterior da perna, impedindo a mobilização rápida do membro de apoio posterior e a esquiva para trás, além de criar condições mecânicas a instalação de lesões mio-ligamento-articulares. O joelho, devido à sustentação, forças externas e deslocamentos rápidos com as mudanças bruscas de direção, é uma das articulações mais exigida na prática da Capoeira”.
(DECANIO, 2008)
O objetivo deste artigo é descrever as principais lesões de joelho decorrentes da prática da capoeira, como também relatar os fatores que as promovem.
DESENVOLVIMENTO
1. CAPOEIRA
“Existem diversas versões a respeito da origem da Capoeira. A mais comum acredita que ela vem da dança N’GOLO, ou dança da zebra. Na África, em Angola, segundo a descrição do Mestre Bola Sete (1997)”, [...] existia um ritual bastante violento chamado jogo da zebra, onde os negros lutavam aplicando cabeçadas e pontapés e os vencedores tinham como prêmio as meninas da tribo que ficavam moças “(p.19). Segundo (Valdeloir Rego 1968), ressalta que essa dança era praticada por negros no Brasil, como divertimento em dias de domingos e feriados em festas de lago.Outras manifestações que lembram a capoeira podem ter origem em diversos movimentos de danças distintas da África. Por exemplo, a Bassula, a Cabangula ou mesmo o Umundinhú” (SOARES, 1995) (DARIDO 2005, p 263).
Segundo o artigo de Fontoura e Guimarães (2002), por volta de 1550 é que os primeiros escravos africanos começaram a desembarcar no Brasil, oriundos de diferentes tribos, com diferentes costumes e culturas.
Trabalhando num regime de sol a sol, chicoteados pelos seus feitores, derrubavam matas, preparavam a terra, plantavam a cana e produziam, com o amargor do sofrimento, o açúcar, doce riqueza dos senhores (AREIAS, 1996, p.11).
Viu-se, a capoeira nestas circunstancias, tolhida em seu desenvolvimento, sendo praticada às escondidas ou disfarçada, cautelosamente, com danças e músicas de sua terra natal (PASTINHA, 1988, p.28).
Com o processo de colonialismo brasileiro e com a chegada dos negros escravos originários da África, aqui a capoeira apareceu como forma de defesa pessoal dos escravos contra seus opressores do engenho (SANTOS, 1990, p.19).
De acordo com Mello (1996) apud Fontoura e Guimarães (2002), a capoeira acontecia de forma clandestina, pois uma vez usada como arma de luta, os senhores do engenho à coibiam veementemente na base da tortura.
O capoeira desde o seu aparecimento foi considerado um marginal, um delinqüente, em que a sociedade deveria vigiá-lo, e as leis penais enquadrá-lo e puní-lo (REGO, 1968, p. 291).
Mesmo depois de abolida a escravidão, os capoeiristas continuaram a sofrer perseguições da polícia e eram mal vistos pela sociedade (GLADSON, 1989, p. 22).
Do artigo 402, do código penal capitulo XIII de 1890 diz; Fazer nas ruas e praças públicas, exercício de agilidade e destreza corporal conhecida como capoeiragem; prisão celular de dois a seis meses (REGO, 1968, p. 292).
Em 1907, surge a primeira tentativa de instituição de uma ginástica brasileira, com o opúsculo O GUIA DA CAPOEIRA OU GINASTICA BRASILEIRA, cujo autor se oculta sob as iniciais de O D.C. (GLADSON 1989, p. 22).
Segundo informações de Mestre Sinhozinho(Agenor Sampaio), muitos moços daquela época e de boas famílias passaram a praticar a capoeira, vendo nela excelente exercício de destreza e recurso de defesa pessoal (GLADSON, 1989, p.22).
“Em 1936, surge Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado), sendo o grande pioneiro na projeção da capoeiragem. Faz a primeira demonstração da inovação do seu trabalho, e um ano depois é convidado pelo então governador da Bahia, General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação no palácio para um grupo de amigos e autoridades convidadas, mostrando a eles uma parte da nossa herança cultural. Naquele mesmo ano a capoeira é oficializada pelo governo como instrumento de Educação Física e Mestre Bimba recebe da Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública uma licença e registro para funcionamento da sua escola como centro de Educação Física” (AREIAS, 1983, ps. 67 e 68)
Em 1972 a capoeira foi homologada pelo Ministério da Educação e Cultura como modalidade desportiva (GLADSON 1989, p. 23).
A Confederação Brasileira de Pugilismo, pelo seu Departamento Especial de Capoeira, elaborou o Regulamento Técnico que norteou a vida da capoeira-esporte em todos os eventos e graduações oficiais em âmbito nacional, e tendo como órgãos responsáveis, em nível estadual, as respectivas Federações e nos dias de hoje a Capoeira é ensinada em academias, clubes, escolas e universidades, com o lúdico, o ritmo e a luta (GLADSON 1989, p.23).
2. LESÕES NA CAPOEIRA
De acordo com Moreira (03/08/2008), a mecânica de alguns movimentos da capoeira, pelo excesso repetitivo ou pela realização inadequada, promove as seguintes lesões:
Tornozelo
Geralmente ocasionada em decorrência de torções durante a ginga, deslocamentos e impactos ao término dos saltos.
Lesões Musculares
Geralmente na realização inadequada de determinados movimentos executados com excesso de explosão, podem acarretar lesões tais como: distensão, contusão, estiramento e contratura muscular.
Lombalgias
Geralmente acontece no trabalho realizado em postura pouco natural, como movimentos inesperados e súbitos, os quais também exigem grande flexibilidade como a ponte, que também força a região facetária das vértebras.
Punhos
Geralmente acontece no impacto dos MMSS. no solo tais como: mortal com as mãos e as quedas (desequilibrantes).
Ombro
Geralmente acontece nos movimentos com exploração da amplitude total do ombro, associando-se à descarga de peso nesta articulação, tais como: macaco, S-dobrado, paradas de mão c/queda de rins, aú giratório, etc… Pode-se chegar a uma artrite traumática.
Menisco ligamentares do joelho
Lesão que geralmente ocorre em detrimento de sobrecarga na articulação,uma hiperextensão ou até mesmo ao atrito e uma torção da articulação devido o pé estar fixado no chão, geralmente acontece durante na execução dos golpes e ao aplicar ou receber movimentos desequiibrantes (quedas).
Cotovelo
Perigo de luxações e entorses, nos movimentos de floreio.
Fonte: site www.capoeiraequilibrio.com.br/fisioterapeuta Izabel Braz Moreira
“O capoeirista para aprender um novo golpe ou movimento precisa desenvolver o uso sincronizado de vários grupos musculares simultaneamente. Isso vai viabilizar o uso destes grupos musculares também em práticas corriqueiras no dia a dia, diferentemente do praticante da musculação que trabalha isoladamente para cada grupo muscular. Por outro lado, deve-se tomar muito cuidado, pois a prática indevida pode ocasionar lesões musculares, assim como, lesões articulares, muitas vezes irreversíveis, que podem acarretar prejuízos ao praticante, pelo resto de sua vida”. (BURIANOVÁ, Ph Dr. ZUZANA, 2007).
De acordo com Andrews (2000) apud Cintra Neto (2006), a articulação do joelho é a mais constantemente lesada em todo o corpo, em especial em indivíduos que participam em atividades atléticas, sendo a instabilidade permanente e progressiva mais alta do que qualquer outra lesão articular nos esportes.
3. PRINCIPAIS LESÕES DE JOELHO NA CAPOEIRA
“Foram avaliados treze pacientes que foram submetidos a cirurgia de reconstrução de ligamento cruzado anterior (LCA), todos atendidos e operados pela Equipe de joelhos do setor de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, sendo que dos 13 pacientes estudados, 10 eram homens (76,9%) e três mulheres (23,1%) e a média de idade foi de 34,5 anos, o esporte mais praticado antes da lesão foi o futebol, (69,2%), seguido da capoeira e basquete (todos com 7,7%). O mecanismo de trauma mais freqüente foi a entorse (10 pacientes – 76,9%), seguida do trauma direto em três pacientes (23,1%)”.(BONFIM, PACCOLA, 2000).
Segundo Petersen e Renstrom (2002, p. 267), “lesões no ligamento colateral medial e lesões meniscais são a maioria, mas, rupturas de ligamento cruzado anterior (LCA) também são comuns e responsáveis por uma considerável quantidade de tempo perdido no esporte”.
3.1 LESÕES LIGAMENTARES
“A articulação do joelho é estabilizada por quatro fortes ligamentos: o ligamento colateral medial (LCM), o ligamento colateral lateral (LCL), o ligamento cruzado anterior (LCA) e o ligamento cruzado posterior (LCP), sendo que o LCM e o LCL evitam a movimentação látero-lateral, enquanto o LCA e o LCP limitam a movimentação anormal antero-posterior. Lesões por torção que causam forças excessivas sobre esses ligamentos podem rompê-los”. (PETERSEN E RENSTROM, 2002, p. 268).
Na articulação do joelho, a qual a configuração dos ossos não é particularmente estável, a tensão nos ligamentos contribui muito para a estabilidade articular, ajudando a manter as extremidades ósseas articuladas. (Hall, 2005, p. 121).
A localização de cada ligamento determina a direção na qual será capaz de opor resistência a uma luxação do joelho. (HALL, 2005, p. 231).
A maioria das lesões no joelho, especificamente o ligamento cruzado anterior (LCA) ocorre nas praticas esportivas, principalmente naquelas que envolvem desaceleração, rotação e saltos (BONFIM e PACCOLA, 2000).
“O LCA é o restritor primário da anteriorização da tíbia em relação ao fêmur, sendo responsável por 75% da estabilização anterior do joelho. A lesão de LCA é considerada grave, pois gera uma instabilidade do joelho em movimentos de rotação e mudanças de direção, a perda do LCA não produz somente cinética anormal, mas também freqüentemente resulta em grandes mudanças degenerativas no joelho. O LCP (Ligamento Cruzado Posterior), bloqueia o deslocamento anterior do fêmur sobre a tíbia. É mais robusto, porem, mais curto e menos obliquo em sua direção que o anterior”. (PETERSEN e RENSTROM 2002, ps. 271 e 273).
3.2 LESÕES DE MENISCOS
“Os meniscos lateral e medial são fibrocartilagens intra-articulares que apresentam as seguintes funções: aumentar a congruência das articulações tibiofemorais, distribuir a pressão, lubrificação, estabilização da articulação do joelho em todos os planos (principalmente conferindo estabilidade rotacional), prevenir o colapso da membrana sinovial durante a flexo-extensão, sustentar de 40 a 60% da carga total sobre o joelho e até 85% na flexão, absorver impacto fêmoro-tibial em até 20% e função proprioceptiva através de receptores específicos”. (CAMPBELL,1997) (CINTRA NETO, 2006).
As lesões do menisco medial são 20 vezes mais freqüentes que as lesões do menisco lateral. O menisco medial adere firmemente à cápsula articular e ao ligamento colateral medial, de modo a ficar mais exposto aos traumatismos. (VARGAS et al, 2002).
“O menisco medial é parte do complexo ligamentar medial, sendo inserido na cápsula em toda sua extensão, alem de apoiar-se sobre uma superfície côncava. Isto permite menor mobilidade durante os movimentos articulares, sendo considerado o menisco da estabilidade, suas lesões são classificados como; traumáticas, degenerativas e congênitas, decorrentes de traumas rotacionais ou axiais, evidenciados na prática esportiva, subida de escadas e rampas e na queixa de falseio, o menisco lateral também poderá apresentar lesões; traumáticas, degenerativas e congênitas, conseqüentes também de traumas rotacionais (VARGAS et al,2002).
“Em esportes de contato, é comum a ocorrência de lesões dos meniscos, muitas vezes combinadas com lesões ligamentares, particularmente quando o menisco medial é envolvido, sendo com frequencia causadas por impacto de torção no joelho. Em casos de rotação externa do pé (eversão) e da porção inferior da perna em relação ao fêmur, o menisco medial fica mais vulnerável, enquanto em rotação interna do pé(inversão) e parte inferior da perna, o menisco lateral é facilmente lesado e acontecendo também na hiperextensão ou hiperflexão do joelho”. (PETERSEN e RENSTRON, 2002 p. 298).
4. ORIGEM DAS LESÕES
4.1 FATORES MECÂNICOS
“[...] tomando-se como referência outras expressões do movimento humano (1), pode-se classificar as cargas externas geradas nos movimentos armada pulada e no parafuso como sendo de moderada intensidade. Considerando ainda que a carga externa, quando aplicada em intensidade e/ou volume excessivos, pode provocar lesões em diversas estruturas do tecido biológico, deve-se dedicar especial atenção à seleção dos movimentos utilizados nas aulas de capoeira (BRENNECKE, AMADIO, SERRÃO, 2005)
O risco da prática da capoeira encontra-se na falta de consciência e orientação para a realização dos movimentos, o que pode levar a ocorrência de lesões (MOREIRA, 03/08/2008).
[...] ainda que em situações de jogo dificilmente se execute diversas vezes o mesmo movimento, em situações de treinamento a repetição sistemática de um mesmo movimento é usualmente realizada, aumentando, portanto, as chances de lesões por sobrecarga em indivíduos não preparados e/ou fadigados”(BRENNECKE, AMADIO, SERRÃO, 2005)
A lesão de joelho geralmente ocorre em detrimento de sobrecarga na articulação, uma hiperextensão ou até mesmo ao atrito e entorse da articulação devido o pé estar fixado no chão, geralmente acontece durante a execução dos golpes e ao aplicar ou receber movimentos de quedas (MOREIRA, 03/08/2008).
Segundo (Smith, Weiss e Lehmkuhl, 1997, ps. 24 e 25) a força do atrito pode proporcionar estabilidade se ótimo, retardar o movimento se excessivo e levar a instabilidade se inadequada.
Decanio (2008), médico e ex-aluno de Mestre Bimba, relata que o joelho, devido à sustentação, forças externas e deslocamentos rápidos com as mudanças bruscas de direção, é uma das articulações mais exigida na prática da Capoeira.
“Várias podem ser as causas de lesões no joelho devido à capoeira, exemplo é o excesso de peso do capoeirista, assim como, a repetição excessiva do movimento de flexo-extensão dos mesmos, que provocam um desgaste gradual desta articulação deixando-a propensa a lesões”.(MOREIRA, 2008).
“Na Capoeira, em alguns casos a simples flexão é suficiente para a realização do movimento, porém, em outros esta articulação necessita de sua capacidade máxima para que o movimento ocorra, como por exemplo, segundo a música, de domínio público, descrita a seguir, onde nota-se que o ritmo e a música pedem um jogo mais lento e compassado, com corpos rentes ao solo, com ambas as mãos e pés servindo como apoio e com a articulação do joelho sendo utilizada em flexão máxima”. (MOREIRA, 2008).
“Devagar
Oi devagarinho
É que o jogo de angola
Ele é bem miudinho…”
“Esportes competitivos, como os de lutas, obrigam a treinamentos intensos e longos, havendo sem duvida sobrecarga ao corpo humano, e neste aspecto, o joelho fica vulnerável, seja em atletas ou esportistas. Sendo, portanto, uma articulação muito comumente envolvida em lesões esportistas recreativas e profissionais. Nos esportes de contato, o atleta é ainda mais suscetível, pois além destes fatores, ainda esta envolvido o peso do outro atleta, levando a uma maior sobrecarga”.(ASSIS, GOMES e CARVALHO, 2005).
“Segundo trabalho cientifico publicado no VII Congresso de Iniciação Cientifica e V Simpósio de Pós Graduação da Escola de Educação Física e Esporte da USP, de acordo com (Stallard, 1984), “a força pode ser definida como uma ação física, que tende a mudar a posição do corpo no espaço”, ou seja, segundo o trabalho, as forças mensuráveis são as forças externas, transmitidas entre o corpo e o ambiente, isto é, forças de reação. E segundo (Stucke, 1984), a força de reação do solo que ocorre durante a fase de apoio ou contato, é um dos principais parâmetros externos da estrutura do movimento com influência na quantificação da sobrecarga mecânica sofrida pelo aparelho locomotor”. (HEINE, SERRÃO e ALMEIDA, 2000).
“A boa mecânica corporal requer que a amplitude de movimento articular seja adequada, porém não excessiva. Existe um principio básico relativo aos movimentos articulares; quanto maior a flexibilidade, menor a estabilidade; quanto maior a estabilidade menor a flexibilidade; onde o desempenho habilidoso em uma variedade de esportes, danças e atividades acrobáticas requerem flexibilidade e comprimento muscular excessivos. Embora possa ser aplicado para a melhora do desempenho em determinada atividade, pode afetar adversamente o bem estar do individuo que o está desempenhando”.(KENDALL, MC CREARY e PROVANCE, 1995).
4.2 FATORES BIOLÓGICOS
“É fato que a presença de desequilíbrio muscular entre extensores (quadríceps) e flexores (ísquio-tibiais) do joelho pode contribuir para uma maior ocorrência de lesões, e que uma musculatura em harmonia pode evitar ou pelo menos minimizar, não só as lesões do joelho, mas também de todas as articulações e músculos do corpo”.(ASSIS, GOMES e CARVALHO, 2005).
“A articulação do joelho é composta por músculos extensores e flexores sendo extensores; reto da coxa, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio, os quatro músculos formam uma única fixação distal forte na patela, cápsula do joelho e superfície proximal anterior da tíbia, e os flexores; bíceps femoral, semitendinoso e o semimembranoso (coletivamente chamados de isquiotibiais); o gastrocnêmio, o plantar, o poplíteo, o grácil e o sartório. Músculos, estes que passam posteriormente ao eixo de flexão e extensão variável de flexão do joelho”.(SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997, p.359, 361).
Um bom trabalho de musculação dentre vários, para a ativação dos músculos extensores pode ser: a cadeira extensora e o trabalho com caneleiras (também na cadeira extensora), pois ativa melhor o vasto medial devido a maior resistência nos últimos graus de extensão; quanto que aos músculos flexores o Leg-press, com o apoio alto, tendo uma maior amplitude articular do quadril e uma menor amplitude articular do joelho, trabalhando ativamente em maior proporção os músculos flexores em comparação ao apoio baixo, sendo que este exercício também trabalha o quadríceps, com isso, é indicado para pessoas que apresentam alterações de ligamento cruzado anterior; e o agachamento; onde estarão envolvidas as articulações do quadril, joelho e tornozelos serão trabalhados os músculos extensores do quadril (bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso e glúteo máximo) extensores do joelho (reto femoral, vasto intermédio, vasto medial e vasto lateral) e flexores plantares (gastrocnêmios e sóleo) trabalho este, que seja realizado, desde que não tenha articulações em processo inflamatório”(LIMA e PINTO, 2005).
Segundo (Nunes, Castro, Marchetto e Pereira, 2003), propriocepção, é definida como a capacidade inconsciente de sentir o movimento e posição de uma articulação no espaço. No joelho ela é medida por mecanoreceptores situados nas suas principais estruturas como ligamentos, cápsula articular, tendão patelar, meniscos, etc…
“Os receptores das terminações nervosas informam as alterações mecânicas das estruturas músculo-articulares, as aferências dos sistemas músculo-articulares projetam-se para os centros de processamento no cérebro, por meio de reflexos algumas vezes imperceptíveis e por meio das vias de controle motor, que podem influenciar os neurônios motores que controlam a atividade muscular e as atividades das vias neurais que regulam o próprio sistema músculo-articular, portanto a propriocepção é inicialmente trabalhada de uma maneira consciente por meio de exercícios de equilíbrio, postura do joelho no espaço, tempo correto de atuação dos músculos flexores antes de chocar o pé contra qualquer obstáculo, mesmo o solo, ou seja, puro trabalho sensório-motor, através das vias aferentes e eferentes”. (EKMAN, 2000 apud ARCHOUR JR., 2002, p. 301)
De acordo com Dover (2003) apud Bonetti (2007), exercícios proprioceptivos são uma parte integral do processo de reabilitação, sendo prudente seu uso na prevenção de lesões desportivas, pois estudos realizados comprovaram que a prescrição destes exercícios melhora o senso de posição articular e evita que as lesões ocorram.
“A propriocepção é inicialmente trabalhada de uma maneira consciente por meio de exercícios de equilíbrio, a postura do joelho no espaço, tempo correto de atuação dos músculos flexores, etc. A repetição exaustiva deste treinamento consciente fará com que o mesmo se torne automático e inconsciente preparando o individuo a usar seus músculos flexores antes de chocar o pé contra qualquer obstáculo, mesmo o solo. Vário técnicas existem para se treinar a propriocepção do joelho, tais como, a balancinha e a cama elástica, aparelhos estes, os quais propiciam instabilidade durante os exercícios para que se adquira uma melhor estabilidade articular, onde em média se necessita de quatro a seis semanas de trabalho para um bom resultado final”.(NUNES, CASTRO, MARCHETTO e PEREIRA, 2003).
“O programa de exercícios proprioceptivos, para propor um trabalho preventivo, deve ter exercícios dinâmicos, mutidirecionais e específicos de cada esporte. Estes exercícios trabalham principalmente com componentes da estabilidade dinâmica das articulações (unidades músculo-tendíneas) que mantém os membros e articulações estáveis durante os movimentos. Este treinamento de exercícios dinâmicos específicos de cada esporte, permite facilitações na adaptação proprioceptiva na articulação do joelho em atletas, evitando falseios e instabilidades”.(HEWETT, 2001; BONETTI, 2007).
“Tanto os tecidos contráteis (sarcômeros), como os não contráteis (fascias, tendões e ligamentos), tem propriedades elásticas e plásticas. Se há intenção de ocasionar deformação no tecido à longo prazo, a tensão aplicada deve alcançar, e até mesmo, superar ligeiramente o limite elástico do tecido e mante-lo por determinado tempo, ou seja, é necessário procurar manter o equilíbrio na atividade de alongamentos e conhecimento, pois é de suma importância na prática esportiva. O sistema muscular acometido de encurtamento ou insuficiência de flexibilidade aumenta a estimulação dos agonistas via fuso muscular ao acionar o músculo para contrair-se, tornando-o mais rígido e os seus antagonistas mais lassos. Como consequência, instala-se um sistema hipotônico antagonista e um hipertônico agonista, instalando a assimetria, causando; aumento do gasto energético; desestabilização da postura; utilização de fibras compensatórias; compressão das fibras nervosas; aumento das incidências de cãibras e dor”; prejuízo da técnica nas habilidades atléticas e de luta”(ARCHOUR JR, 2002 p. 295).
CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objetivo pesquisar sobre lesões que acometem os indivíduos que praticam a capoeira, assim como tentar identificar quais os fatores que as promovem. A partir das informações coletadas na revisão de literatura, concluiu-se que: as lesões de joelho, com predominância de “Ligamento Cruzado Anterior” e “Meniscos” em decorrência da postura do individuo estão mais sujeitas a acontecer através dos deslocamentos rápidos com mudanças bruscas de direção (ginga e fintas de corpo), bem como, movimentos repetitivos e extenuantes (golpes de linha e giratórios), em decorrência da soltura dos golpes e o pé de apoio no chão, ocasionando a força de atrito e resultando na força de reação do solo, onde dependendo do piso e o indivíduo estando descalço será menor e calçado será maior. Forças externas que com o passar do tempo, poderão ocasionar uma frouxidão ligamentar em decorrência das micro-lesões sem intervalos ocasionadas pelo Stress, podendo chegar a uma ruptura ligamentar. No movimento de rotação, tomemos como exemplo o golpe da armada, acontecerá o trabalho sensório – motor; sensório (SNC- via eferente -ligamentos) e motor (ligamentos – via aferente – SNC), momento este em que acontecerá um deslizamento rotacional dos côndilos femorais, lateral e medial do fêmur, sobre os Platôs tibiais lateral e medial da tíbia, podendo acontecer o atraso da mensagem eferente quanto a controlar ou até mesmo parar o golpe giratório, devido a uma ação proprioceptiva falha ocorrendo a frouxidão ligamentar, concomitantemente com o sistema muscular debilitado e a flexibilidade limitada, poderá ocorrer o rompimento do LCA e por muitas vezes acompanhado da lesão de menisco. O fortalecimento muscular, os exercícios de propriocepção e alongamentos, não neutralizarão a possibilidade de lesões, mas agirão preventivamente contra as mesmas.
REFERÊNCIAS
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