segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ENCERRAMENTO 2011 GRUPO SENZALA COM MACULELÊ, SAMBA DE RODA PUXADE DE REDE E MUITA CAPOEIRA!!!








Nos dias 09, 10 e 11Dez2011, aconteceu o encerramento do Grupo Senzala de São Paulo coordenado pelo Mestre Flavio, Contra Mestre Ulisses, Professores e Alunos, contou tbm com a presença do Mestre Baiano(SP), Mestre Paulo Renato(SP), Caco véio(SP), Renan Milk (ES), assim como, Professores e Alunos de Curitiba e Florianópolis, onde rolou muitas manifestações Culturais através da Puxada de Rede, Maculelê, Samba de Roda e Capoeiragem, tudo isso aconteceu no REMELEXO em Pinheiros.  


E aconteceu também a apresentação do trabalho (TCC) "LESÕES DE JOELHO NA PRÁTICA DA CAPOEIRA" do Caco véio.
   

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A REVOLTA DA VASCINA

Rio de Janeiro: cidade doente...
Pobreza. Preconceito. Desemprego. Os sintomas estavam todos lá e combinados explodiram numa convulsão que há mais de 100 anos, tomou as ruas da capital do Brasil e ficou conhecida como Revolta da Vacina.
Havia alguma coisa diferente no ar naquela manha abafada e úmida de novembro. Nos últimos dias, boatos haviam tomado os bares, as conversas em família depois que estudantes e operários saíram em passeata pelo centro do Rio de Janeiro, gritando palavras de ordem e protestando contra o governo do presidente Rodrigues Alves. Mas nem quem acompanhava de perto as notícias podia prever os acontecimentos que se seguiriam. De repente, sem que parecesse haver qualquer organização, grupos de pessoas começaram a chegar ao centro. Tomaram as ruas do Ouvidor, da Quitanda, da Assembleia e, quando chegaram à Praça Tiradentes, já eram milhares. “Abaixo a vacina”, gritavam. O comércio baixou as portas e a polícia chegou. A multidão respondeu em coro: “Morra a polícia”. Houve tiros. Correria. O centro virou campo de batalha. No meio de cacetadas, tiros e pernadas, talvez ninguém – do lado dos manifestantes ou dos homens da lei – se lembrasse de como aquilo havia começado.
Capital da recente república do Brasil, o Rio era a cidade para onde todos se mudavam: ex-escravos libertados em 1888, imigrantes europeus em busca de emprego, desertores e excedentes das Forças Armadas e migrantes das fazendas de café, que não iam lá muito bem das pernas. Entre 1872 e 1890, a população do Rio passou de 266 mil para 522 mil pessoas. Não havia emprego para todos e a maioria se virava como podia: carregava e descarregava navios, vendia tranqueiras, fazia pequenos serviços. É claro que ainda havia entre eles ladrões, prostitutas e trambiqueiros.
Toda essa turma – que as autoridades chamavam de ralé, malandros ou desocupados, mas que também se pode chamar de pobres, ou, simplesmente, de povo – se acotovelavam nos cortiços. Essas habitações coletivas, além de serem uma opção barata de moradia, tinham boa localização: ficavam no centro da cidade. A mais famosa delas, conhecida como Cabeça de Porco, no número 154 da rua Barão de São Félix, chegou a ter 4 mil moradores. “As autoridades consideravam os cortiços antros de doenças e de pouca-vergonha. Para a mentalidade da época, que aliás não mudou muito, as moradias pobres abrigavam as classes perigosas, sujas, de onde saíam as epidemias e toda sorte de ruindade”, diz o historiador Sidney Chalhoub, da Unicamp, autor de Cidade Febril: Cortiços e Epidemias na Corte Imperial.
Quando Rodrigues Alves assumiu a presidência em 1902, prometendo trazer o país para o novo século, viu naqueles cortiços um obstáculo a ser removido. A ideia era abrir novas avenidas, ruas e praças e, ao mesmo tempo, afastar do centro da cidade os moradores pobres.
O Rio era uma cidade doente. Epidemias de peste, febre amarela e varíola dizimavam a população. Isso sem falar nas doenças endêmicas, como a tuberculose. No verão de 1850 um terço dos cariocas contraiu febre amarela e 4160 pessoas morreram. Em 1855 foi a cólera e em 1891 houve surtos de febre amarela e peste bubônica. Em 1903 a varíola atacou fazendo vítimas até o ano seguinte. Só nos primeiros cinco meses de 1904, 1800 pessoas foram internadas com a doença.
Sem dinheiro, sem emprego e sem ter onde morar, o cenário estava pronto para que o povo se rebelasse. Só faltava um estopim.

Medo de injeção
Para combater as doenças que abatiam os cariocas, não bastariam as reformas urbanas no centro da cidade. Mesmo que (e muita gente duvida disso) esse fosse o objetivo principal das obras. Mais uma vez apoiando-se no exemplo francês, o governo brasileiro apostou nas técnicas de saúde pública que estavam sendo colocadas em prática por médicos como Louis Pasteur. Para apoiá-lo nessa área, Rodrigues Alves convocou um jovem médico do interior de São Paulo que acabara de estagiar em Paris, Oswaldo Cruz .
Assim que assumiu a diretoria de Saúde Pública, em 1903, Oswaldo encarou batalhas contra a peste bubônica e formou brigadas sanitárias que saíram pelo centro da cidade caçando ratos pelas casas e ruas. Chegou a adotar o método pouco ortodoxo de comprar ratos, para estimular a população a caçar o roedor. Apesar das inevitáveis fraudes – houve gente que foi presa por criar ratos para vender às autoridades – a campanha contra a peste foi um sucesso.
Para enfrentar a febre amarela, no entanto, Oswaldo encontrou oposição. Nem o combate aos mosquitos era consenso. Na época, não se sabia que a doença era causada por um vírus nem se conhecia seu mecanismo de transmissão, e, embora o cubano Carlos Finley já houvesse publicado sua tese de que a doença era transmitida por um mosquito, um grande número de médicos brasileiros acreditava que a febre amarela era causada por alimentos contaminados.
Em 1904, seria a vez de combater a varíola. “Já havia leis que tornavam obrigatória a vacinação desde 1884, mas essas leis não pegaram”, diz José Murilo. O governo resolveu, então, fazer uma nova lei obrigando toda a população a se vacinar, em novembro de 1904. O projeto, que permitia que os agentes sanitários entrassem na casa das pessoas para vaciná-las, foi aprovado na Câmara e no Senado, mas não sem antes quase levar aos sopapos os partidários de Rodrigues Alves e seus opositores, que não eram poucos. Entre eles havia os partidários do ex-presidente Floriano Peixoto, que não se conformavam com um governo civil, como o senador (e tenente-coronel) Lauro Sodré e, na Câmara, o major Barbosa Lima. O senador Ruy Barbosa se manifestou, em plenário, dizendo: “Assim como o direito veda ao poder humano invadir a consciência, assim lhe veda transpor-nos a epiderme”.
Não é difícil entender por que o povo ficou contra a vacina. Pela lei, os agentes de saúde tinham o direito de invadir as casas, levantar os braços ou pernas das pessoas, fosse homem ou mulher, e, com uma espécie de estilete (não era uma seringa como as de hoje), aplicar a substância. Para alguns, isso era uma invasão de privacidade – e, na sociedade de 100 anos atrás, um atentado ao pudor. Os homens não queriam sair de casa para trabalhar, sabendo que suas esposas e filhas seriam visitadas por desconhecidos. E tem mais: pouca gente acreditava que a vacina funcionava. A maioria achava, ao contrário, que ela podia infectar quem a tomasse. O pior é que isso acontecia. “A vacina não era tão eficaz como hoje”, diz Sidney.
Com a população descontente, a imprensa colocando fogo e os políticos protestando, uma hora a revolta ia tomar as ruas.
Quebra-quebra
Mas o pior estava por vir, foi quando grupos aparentemente desarticulados vindos dos bairros rumaram para o Centro. No caminho viraram bondes, derrubaram postes de iluminação, reuniram entulho no meio das ruas e se prepararam para enfrentar a polícia. No bairro da Saúde, próximo ao porto, a barricada reuniu 2 mil pessoas, segundo relato do Jornal do Comercio, que chamou o lugar de “Porto Arthur”, em alusão a um forte na Manchúria, onde japoneses e russos travavam uma sangrenta batalha. Liderados entre outros por Horácio José da Silva, o Prata Preta (temido Capoeirista), os defensores de Porto Arthur estavam armados com revólveres e navalhas. Alguns marcharam com armas nos ombros e se espalhou que tinham até um canhão. Por três dias conseguiram repelir a polícia, mas no dia 16 o Exército, apoiado por tropas de São Paulo e Minas Gerais, invadiu o local, numa ação que contou ainda com bombardeios da Marinha. O suposto canhão era um poste deitado sobre uma carroça.
Nas ruas, a batalha só terminou quando o Exército tomou um dos últimos núcleos da revolta, o morro da Favela. Pelos cálculos do historiador José Murilo de Carvalho, durante toda a revolta foram detidas 945 pessoas, sendo que 461, todas com antecedentes criminais, foram deportadas para locais distantes como o Acre e Fernando de Noronha. Não há estatísticas oficiais, mas acredita-se que 23 pessoas tenham morrido, segundo as estimativas dos jornais da época, e pelo menos 67 ficaram feridas.
Malandro e capoeira
Líder da barricada era fichado na polícia
Horácio José da Silva, ou Prata Preta, que comandou mais de 2 mil pessoas na barricada de Porto Arthur, era um “capoeira”, termo genérico usado pela polícia para classificar alguém que além de ser exímio lutador costumava ser preso por ficar bêbado na rua, incomodar as mulheres e provocar brigas. Prata Preta tinha cerca de 30 anos, era um negro alto, forte e “dotado de boa saúde”, segundo sua ficha na polícia, que o considerava um dos maiores desordeiros do Rio. Morava no centro da cidade e vivia de bicos. Durante os quebra-quebras de 1904, Prata Preta ficou famoso na cidade toda, por ser o mais incansável dos rebeldes.
Os policiais tinham medo dele. Prata Preta ficava nos lugares mais perigosos das barricadas, onde ninguém se atrevia a lutar, e atacava sem parar os soldados. Ele usava dois revólveres, uma navalha e uma faca. Consta que chegou a matar um soldado do Exército durante um ataque a Porto Arthur. Ele foi um dos primeiros a ser preso quando a cidadela improvisada caiu, e quase foi linchado pelos soldados, tal o ódio que tinham por ele. Mesmo no meio da confusão ele não parou de lutar, e teve que ser metido numa camisa-de-força para não colocar a central de polícia em polvorosa. Prata Preta parou de circular pelas ruas do Rio no fim de 1904, quando foi deportado para o Acre, o “fim do mundo”, e nunca mais se ouviu falar dele.
Saiba mais
Livros
Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a República que Não Foi. José Murilo de Carvalho, Companhia das Letras, 1987 - Retrato delicioso sobre o Rio de janeiro da bela época.
Cidade Febril: Cortiços e Epidemias na Corte Imperial. Sidney Chalhoub, Companhia das Letras, 1996 - Estudo sobre a relação entre as reformas urbanísticas e as epidemias no início do século 20.
A Revolta da Vacina: Mentes Insanas em Corpos Rebeldes. Nicolau Sevcenko, Brasiliense, 1994 - Obra que se dedica à análise das causas da revolta.
Oswaldo Cruz: A Construção de um Mito na Ciência Brasileira. Nara Brito, Fiocruz, 1995 - A autora, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, faz um perfil do maior sanitarista brasileiro.

sábado, 29 de outubro de 2011

O Instituto Tambor é um atelier de instrumentos de percussão artesanais. No comando de Luiz Poeira, o grupo de luthiers produz instrumentos com excelência sonora e estética. São Paulo - Brasil. -fone 11 3744-3719 (atelier)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CARLOS ROBERTO PELEGRINO
Professor de Capoeira
cref 069538-G/SP

A Capoeira já foi chamada de "Ginástica Brasileira", hoje pode
ser também utilizada como ferramenta para a Educação, e por
mais que tenha seu reconhecimento como manifestação cultu-
ral de grande valor pedagógico, ainda são poucas as escolas que
incluem em seus projetos tão nobre arte. Estudos como o de FAL
CÃO (1996) e CAMPOS (2003) exaltam a Capoeira na escola
para a Educação Física, mas com certeza é muito mais abrangen-
te que se possa imaginar.
Segundo (Burianová, Dr Ph Suzana), muitas academias em todo o mundo,
estão utilizando a Capoeira em suas atividades, pois como exercício
de luta, possui um extrato muito importante na formação de crian-
ças e jovens tornando-se, por si só, uma atividade extremamente
educacional. O fato de exigir regras, respeito, atitudes de competiti-
vidade e solidáriedade leva a um conceito filosófico de luta e respeito muito
importante, aliando a idéia de competência e resultado. Como todas as lutas,
promove a formação do caráter e da personalidade.
      

domingo, 9 de outubro de 2011

Dicas para Dormir Melhor
* Mesmos horarios para facilitar o seu relogio interno (relogio biologico).
* Evitar tirar sonecas durante o dia.
* Ambiente agradavel ao sono, nem quente, nem frio, arejado e sem
ruidos.
* No escuro é mais fácil desativar os sentidos e relaxar. Usar roupas
confortáveis.
*Evitar dormir com fome ou sede. Evite bebidas e estimulantes que
contenham cafeina após as 15 horas, tais como: café, chá preto e chá
mate, bem como refrigerantes (especialmente as cafeinadas, tais como
Coca-Cola).
* Não fumar até 2 horas antes de dormir. Evitar bebidas alcóolicas.
* Evitar atividades físicas até 2 horas antes de dormir.
* Banho morno, antes de dormir, ajuda a relaxar a musculatura.
* Ficar pensando nos problemas dificulta o relaxamento.
* Na cama não ler, comer ou assistir TV, pois estes hábitos atrapalham o
inicio do sono.
* Caso não tenha dormido após 30 minutos levantar e procurar algo
relaxante ou monótono para fazer por 15 minutos. 

domingo, 17 de julho de 2011

E A SUA COLUNA, COMO VAI???

Caco Veio Pelegrino: Mestre como vai o Sr. tudo bem!!!Perdão por importuna-lo, mas já importunando, e o que o Sr. me fala sobre os movimentos da Capoeira, tais como: ponte, macaco, s-dobrado, os quais exigem uma hiperextensão de coluna ao realiza-los e dentro de um ritmo rápido??? é um movimento agressivo??? várias são as pessoas que gostariam de saber a respeito...

sexta às 13:20 ·CurtirCurtir (desfazer)

RESPOSTA

Eduardo Ayub Lopes

Olá tudo bem!!!, tenho um grande amigo que é mestre de capoeira também, (Mestre Tubarao), você conhece?

Bom relação à sua pergunta, vamos lá. Não conheço exatamente esses movimentos que você comentou, mas o pouco que conheço e você dand...o esse contexto da hiperextensão já localizei-me.

Esses movimentos com grande amplitude na coluna não são bem vindos, pois exigem além das possibilidades fisiológicas das estruturas, ainda mais em movimentos rápidos.

A amplitude forçada distende os ligamentos e cápsulas, além de provocar um posicionamento forçado do disco intervertebral, o que futuramente pode induzir uma protusão discal ou até uma hérnia.

Os movimentos de extensão são mecanis

mos de lesão da espondilolistese, ou seja, quem tiver tendência, está estimulando.

Mas a grande maioria dos esportes tem fatores negativos que induzem à lesões. Lembrando que um bom trabalho muscular, alongamentos adequados e uma postura para executar os movimentos protegem nosso aparelho locomotor, não se pode descuidar da própria postura corporal estática e do treinamento sensório motor.

É isso professor, espero ter ajudado!!!
obs; O Professor Eduardo é Fisioterapeuta, Educador Físico e pratica ARTES MARCIAIS, pós graduado em Treinamento Desportivo, Biomecânica e outros titulos mais, fiz cursos de extensão universitária com ele na FMU, tais como; Biomecânica na Musculação, Musculação para personal training e Lesões (atuação preventiva), portanto o homem é fera!!!

Obrigado!!!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

CACO VÉIO E LAMBARI JOGAM



Roda de Capoeira que aconteceu na Casa de Angola no ultímo sabado do mês de Abril2011, sob a coordenação do Professor Henrique Japinha.







NA GIRA DE CRISTO OU NA GLÓRIA DE EXU?

Uma abordagem epistemológica do sincretismo religioso Afro-Cristão na capoeira.




“Santa Barbara do relampuê ou Santa Barbara do relampuá?...”

“Maior é Deus, pequeno sou eu”, disse o magnifico Mestre Pastinha.

     


                            Salve, salve, camaradas, amigos meus! Ou talvez seria melhor dizer: Axé! Aleluia! Oh Glória, Salve Deus! Paz do Senhor! Saravá meu Pai ou ainda a Paz de Cristo Rei?Como se dará, nesta nossa pós-modernidade as futuras saudações nas rodas de capoeira e como se apresentará, nestas mesmas rodas, os conflitos de âmbito religioso?

A capoeira tem tido um papel muito importante e singular no mundo contemporâneo. Apresentá-se como uma manifestação cultural, artística, esportiva, de beleza cabal. Arte que se encontra em mais de 150 países e vem sendo, reconchecidamente, como uma das maiores divulgadoras da Língua Portuguesa. Esta é a prova de que o que o mar leva o mar devolve.

Na travessia do Atlântico - sec. XVI - , um povo inteiro foi, forçadamente, levado à uma grande diáspora. Na chegada aos destinos que lhe foram impostos, saíram dos porões dos navios, espremidos, amargurados, de viagens que pareciam não ter fim; milhares, milhões de homens, mulheres e crianças, suportando calor, fome, sujeiras, doenças, ratos, antropofagia, preconceitos, humilhações e a morte. Muitos ficaram jogados pelo meio do caminho, no próprio oceano atlântico..
O povo negro lutou muito e a Capoeira é, por excelência, a luta de resistência, de liberdade e nasce do suor, sangue, das matrizes do povo africano nas senzalas, nas matas e quilombos.

Nesta grande diáspora, os africanos são retirados da sua terra mãe e deportados para novas terras, com novos costumes, crenças, simbologias, novos nomes, modos, novo ritualismo religioso imposto pelos poderes escavrocatas e a religião oficial desses lugares. A partir dessa situação, vemos um amálgama da religião africana, não sem grandes tensões, com a religião oficial, em especial com a liturgia católica romana. Deparamo-nos então, com a religião, costumes, danças rituais e o misticismo africano misturando-se ‘confusamente’ com a religião cristã. Começava historicamente o sincretismo afro-católico no Brasil. Tudo isto concorrendo para plasmar esse caldeirão de religiosidade popular existente até hoje.

O universo das religiões afro-brasileiras que hoje deparamos por estas terras é de uma diversidade riquissima, visto que expressam diferentes grupos étnicos que vieram dar origem a uma costelação variadíssima de denominações religiosas: camdomblé, nagô, tambor de mina, pagelansas, pretos velhos, umbanda, kibanda, espiritismo afro e outros.

          Na trajetoria de manifestação da capoeira não poderia ser diferente. A capoeira é uma arte-luta, que traz em si muita simbologia, faz referência a um ritualismo, mística e sincretismo religioso popular que foi influenciado pelos processos históricos dos seus primeiros líderes guerreiros, guardiões destas manifestações. Muitos mestres antigos trouxeram dos seus ilês, terreiros, casa de santo, suas religiosidade, suas crenças, sua fé, sua espiritualidade, pois muitos eram líderes espirituais (babalaôs, pegigans, axoguns, alabês, ogans e outros). Porém, suas práticas e liturgias religiosas se davam sempre em seus ilès (casa religiosa) e nunca na roda de capoeira. Prezavam por esta partição, tendo em vista o respeito pelas particularidades de ambas atividades humanas.

             Aludindo a este contexto dos antigos mestres e a deferência que eles mantiveram por sua religiosidade e sua arte – comportamento que denotava o conhecimento e consideração por estas manifestações – é que se diz que a capoeira não pode ser passada, ensinada e experimentada com uma configuração religiosa, dogmática, com comportamentos de alumbramento e louvor, longe disso. Nem deve ser insentivada nela a busca por uma certa e duvidosa epifania.

           Esta arte-cultural genuinamente afro-brasileira, é para a vida, é terapia, esporte, luta e lazer visando ao bem estar de todo e qualquer indivíduo que se proponha a praticá-la.

Atualmente o mundo sofre uma manifestação de muitas seitas religiosas e nesta ambiência não são poucos os que vem a criar modelos, formas e paradigmas no intento de dar respostas às suas ansias, dúvidas, vazios e conflitos pessoais e/ou coletivos. Necessário se faz ‘não confundir alhos com bucalhos’ e como bem diz um mestre de capoeira ‘roupa de homem não dá em menino’. Embora o que não pode acontecer é deixar-se a arte-luta da capoeira a deriva, sem rumo, levada por alguns ‘mestres’ ou religiões a procura de uma tábua de salvação.

         
         Os tambores da capoeira tocam e azuelam por nossas ancestralidades; os berimbaus tocam para os nossos lamentos, histórias e alegrias da vida; ambos instrumentos culturais não são para louvar, evangelizar, cultuar espíritos, ou mesmo divinizar mestres nas rodas de capoeira. Estas rodas não precisam de exegeses bíblicas, hermenêuticas e escatologias ou mesmo uma teologia do medo. Vamos afastar este calíce.
            A capoeira é cultura popular, manifestação de um povo em ânsia de liberdade. O Mestre Manoel dos Reis Machado (Bimba), foi o primeiro a ter a preocupação de separar o profano do sagrado nas rodas. O mesmo salientou que não podemos misturar e confundir. A religião é uma coisa séria e a capoeira é uma manifestação cultural de todo um povo; ambas tem quer ser respeitadas em seus respectivos ambientes. Os mestres de capoeira tem que observar que o profano não deve se misturar com o sagrado. A que haver cuidado diante de uma possível antromorfização, estados de extase e cultos religiosos na roda de capoeira. Não é admiravel “mestres” de capoeira ou líderes dessa arte quererem ‘cilícios’ em seus alunos, terços no pescoço ou farinha para Exu antes de um roda no domingo no parque, na praça ou na academia?

        A capoeira é livre.
    O Batismo do espírito santo, louvor a Jesus de Nazaré ou ritual aos Orixás tem que ser respeitados e tem seus devidos lugares para isso (templos, terreiros e casas de culto, igrejas). Devemos fomentar, cultivar, preservar, respeitar a tradição e os fundamentos da capoeira e suas línguagens corporais e simbólicas. Manifestações religiosas de varios tipos, dentro da roda, podem apresentar-se como algo perigoso, grosseiro e complexo, para a geração de hoje e futura. Quando este amálgama - liturgias, magias, louvores, místicas, cultos, delírios e influências espirituais ou psiquicas - se apresenta como verdade absoluta dentro da roda de capoeira, estamos diante de um problema coletivo e quem sai perdendo é a capoeira.

       A arte-luta da capoeira não pode ficar presa a doutrinas ou neroses obssessivas compulsivas de alguns líderes de capoeira e entidades grupais. Em suma, capoeira não é religião.

            O mestre Bimba foi muito firme neste sentido, pois queria ver a capoeira no mundo e por isso ele diria: ‘irei tirar a capoeira de debaixo do pé do boi, da lama.
 Mesmo tendo mestres contemporâneos jogando literalmente a capoeira na lama.

              Diante desta hieraquização doentia e fanática de alguns líderes de capoeira, é necessário um despertar deste mundo de ilusões. A capoeira não precisa de líderes religiosos para se manifestar, mas, nunca com antes, de mestres humildes; não precisa de gurus, mas sim de mestres horizontais e não verticais. A capoeira não precisa de ‘mestre dos magos’, com seus placebos, panacéias e verborragias, mas sim de mestres amigos e irmãos, educadores para a vida.
                                                                                                                   



  Pois meus camaradinhas:
                                                  

“Aquele que está no claro não sabe quem está no escuro”

                                                          “Pois quem é de verdade conhece quem é de mentira”


                               Capoeira boa se sustenta. Por isso mestre Bimba e mestre Pastinha permanecem até hoje.
                                                                                                                                                                                    (M.BEIJAFLOR)

Vá na paz!

MESTRE  BEIJA FLOR:Professor: Eraldo Gabriel.( Mestre de Capoeira,Filósofo.Teologo(UFC/ICRE)
                                                                     Pós Graduado em Educação Inclusiva(UECE)
                                                                     Epecialista em Ciência da Religião-ICRE-fortaleza-CE
                                                                     Especialista em Capoeira Inclusiva(SBCI) e Educação
                                                                     Infantil.Presidente da Sociedade Brasileira de Capoeira Inclusiva.

mestrebeijaflor@hotmail.com


Ilha de Itamaracá-PE, Brasil.

Inverno de 2011.



Bibliografias:


Capoeira Identidade e Gênero
   Autor: Oliveira, Josivaldo Pires de
   Editora: Edufba


A Capoeira em Salvador nas Fotos de Pierre Verger
   Autor: Lühning, Angela; Pamfilio, Ricardi
   Editora: Fundação Pierre Verger

Capoeira - Galo Ja Cantou   Autor: Capoeira, Nestor
   Editora: Record

Capoeira Regional - A Escola de Mestre Bimba   Autor: Helio Campos (mestre Xaréu)
   Editora: Edufba

* A herança de Mestre Bimba -M.Decanio.

*"Capoeira Angola", de mestre Pastinha

*Fundação Cultural do Estado da Bahia 1988 -

*Capoeira: Um Instrumento Psicomotor para a Cidadania - Editora Phorte


*Corpo de Mandinga, de Muniz Sodré
.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Meu nome é Carlos Roberto Pelegrino Alves de Sena, meu apelido na Capoeira é Caco véio, sou natural de São Paulo, ex Bombeiro e sou Professor de Capoeira, conheci a minha arte em 1979, quando comecei a treinar no Largo de Pinheiros na Associação 2 de Ouro com Mestre Zé Grande, em 1981 fui para a Associação de Capoeira Cruzeiro do Sul com Mestre Meinha, por lá conheci Peixe Crú, Gavião, Betume, Formigão, Lambari, Kinzinho, Roxo e outros mais...logo após, passei pelo Grupo Cativeiro em 1985 com Mestre Biné e Paulão, em 1987 passei a treinar na Fonte do Gravatá com Mestre Kenura, onde em meados de 1989 ouvia falar que a mesma iria fechar, foi quando em 1990 conheci Mestre Canhão, formado de Mestre Bimba, sua academia K'APOEIRA era situada na Rua Amaral Gurgel, lá conheci Fernando, Meia Noite, Mestre Ginga, Bahia, Dinho e outros mais, nesta mesma época estava sendo reinaugurada a Roda da Pça da República, tendo como percurssores Mestre Ananias, Cavaco, Biné, Paulão, Cirola, Emilio Careca, Silvio Acarajé, Tucano, Peixe Crú, Maurão e alguns outros...como eu treinava tbm aos domingos no Mestre Canhão, já saia do treino e ficava pela Pça.,


Em 1992  Mestre Canhão fechou sua academia e foi para Bahia, voltei para o Mestre Meinha e em 2001 me formei a Professor de Capoeira. Sou tbm formado em Educação Física (licenciatura e Bacharelado), neste ano de 2011, estou iniciando o curso de pós graduação em "FISIOLOGIA DO EXERCICIO NO TREINAMENTO RESISTIDO, NA SÁUDE, NA DOENÇA E NO ENVELHECIMENTO" no HC-FMUSP, Instituto Biodelta, coordenado pelo Prof Dr Jose Maria Santárem e tbm  procuro trabalho como personal de Capoeira e condicionamento físico.



***AULAS***

- Segundas, Quartas feiras dás 19 ás 20:30horas e aos Sabados dás 09 ás 10:30hs da manhã

ESPAÇO STEMPINIEWISKI

Rua Dr Alberto Seabra 1040 - alto de pinheiros -
fone 3021-0917 - 7817-4546
id nextel 30*30445
email - cove_io@hotmail.com

terça-feira, 26 de abril de 2011

RODA DE CAPOEIRA DO GRUPO SENZALA/SP, aconteceu no mês de Abril/2011 e contou com a presença de vários Capoeiristas na Pça Benedito Calixto; Flavinho, Caroço(RJ), kINHO, Jesse, Sandro, Carlo, Meline, Caco véio, Tizil, Brucutú, Indio e outros mais...não percam a próxima!!!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

MUSCULAÇÃO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES



Dr. José Maria Santarem

Este tema tem sido tratado de maneira inadequada em nossa imprensa, com

matérias exagerando os riscos do treinamento com pesos para adolescentes. Desta
maneira, muitos jovens podem estar sendo afastados de uma atividade física que como
qualquer outra é promotora de saúde e aptidão.
Inicialmente deve ser esclarecido que os riscos do treinamento com pesos para
crianças e adolescentes já estão bem estabelecidos em literatura científica e são
menores do que em muitas outras atividades físicas consideradas seguras. Atualmente
não se admite mais que afirmações e condutas sejam baseadas em hipóteses teóricas,
sem a preocupação de buscar fundamentação em resultados de trabalhos científicos,
ou pelo menos nas impressões pessoais de quem tem experiência na área. Esses
resultados ou impressões são as chamadas "evidências" ou seja, respostas da natureza
que podem indicar com mais segurança onde está a verdade. Não existem evidências
de que a musculação para adolescentes seja muito perigosa. Como em toda atividade

física alguns riscos existem, mas são poucos e facilmente evitáveis.
AULAS DE CAPOEIRA;
RUA DR ALBERTO SEABRA 1040 - ALTO DE PINHEIROS - ESPAÇO DO CORPO E DA DANÇA STEMPINIEWISKI - A PÁRTIR DE 10JAN11.
FONE 3021-0917 E 7817-4546

email; cove_io@hotmail.com

sábado, 26 de março de 2011

METABOLISMO BASAL

É o conjunto de reações, suficiente apenas para manter a vida do organismo, isto é, sem considerar as reações necessárias para as atividades físicas, atividades intelectuais, a caça, digestão de alimentos, práticas reprodutivas, etc...é portanto, a atividade quimico-física minima necessária para se manter a vida.
Responde por 60% a 70% do gasto calórico diário. São as calorias gastas para manter as funções básicas do organismo, como batimentos cardiacos, a pressão arterial e a temperatura corporal entre outras. 

sábado, 19 de março de 2011

ENVELHECIMENTO

O envelhecimento tende a produzir processos degenerativos em cartilagens, ligamentos, tendões e músculos, além de reduzir a massa óssea. Esses efeitos são potencializados pelo sedentarismo, e ocorrem em maior ou menor grau em função da "INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA". A composição corporal tende a piorar no envelhecimento sedentário devido ao aumento do tecido adiposo e à redução das massas ósseas e muscular. Todas as qualidades de aptidão física apresentam redução em seus níveis nas pessoas que envelhecem de forma sedentária, podendo dificultar a vida diária e reduzir o bem estar psicológico e social. O fato de que os efeitos do sedentarismo são lentamente instalados, explica porque pessoas jovens sedentárias não costumam ter consciência dos seus efeitos. Por outro lado, as pessoas idosas sentem os efeitos do sedentarismo nas limitaçaões que encontram para a vida diária, e nas doenças crônicas manifestas ou de difícil controle. A atividade física em geral apresenta efeitos que se contrapõem aos do envelhecimento sedentário, mas temos como exemplo os exercícios resistidos que têm se mostrado como os mais adequados para essa finalidade.  

sábado, 12 de março de 2011

ALONGAMENTO

O importante é saber se o alongamento tem por objetivo manter ou desenvolver a flexibilidade, perceber o momento de tensão para se alongar, manter uma postura adequada e alongar-se continuamente com técnica e percepção corporal.
Em geral, são prescritos para a saúde exercícios de alongamentos três vezes por semana e permanência de trinta segundos no alongamento com baixa tensão. Essa indicação tem por objetivo o desenvolvimento da flexibilidade, pois exercícios de alongamento podem ser feitos diariamente com objetivo de eliminar a tensão muscular.
Exercícios de alongamento podem ser realizados antes e depois do período de trabalho, no começo da noite ou no principio do dia, exceto se houver dor tardia, pois nesse caso as indicações diárias são feitas com leve tensão e duração.
Uma indicação para o profissional de atividades físicas é verificar o momento apropriado para se fazer alongamento. Se o local for uma empresa, verificar junto ao departamento médico o horário em que mais incidem as lesões e/ou queixas de dor, para assim estabelecer o programa de flexibilidade. É o cliente que deve perceber os níveis e locais de tensão muscular.
Adams et al.(1987) em um estudo sobre a variação diurna e a carga suportada na coluna lombar, verificaram as alterações das cargas nos discos lombares e na extensibilidade ligamentar. Essas mudanças basearam-se na deformação dos músculos ao desenvolverem a flexibilidade transiente. Observaram também que levantamentos e flexões no período da manhã provocam fadiga e danos nos discos que as mesmas atividades realizadas no período da tarde.
Assim, a flexibilidade dessas estruturas ajuda a amenizar a sobrecarga da articulação intervertebral. Pessoas que ficam muito tempo numa posição, a exemplo dos motoristas, digitadores etc... podem sofrer retração nos tecidos musculares, alterando sua forma periodicamente. Então, caso sejam realizados trabalhos com sobrecarga, há mais riscos de lesões (Payne, 1998); daí a necessidade de fazer exercício de alongamentos após as atividades do cotidiano.
Krag, apud Renstrons, (1993) observou que um individuo pode diminuir até 17mm em estatura nas duas primeiras horas do dia devido à deformação dos discos intervertebrais. Nesse sentido, uma breve análise parece evidenciar que os exercícios de alongamento realizados no período da manhã, antes do expediente, também são importantes para a saúde dos discos vertebrais.
          Tanto os tecidos contráteis (sarcômeros), como os não contráteis (fascias, tendões e ligamentos), tem propriedades elásticas e plásticas. Se há intenção de ocasionar deformação no tecido à longo prazo, a tensão aplicada deve alcançar, e até mesmo, superar ligeiramente o limite elástico do tecido e mante-lo por determinado tempo, ou seja, é necessário procurar manter o equilíbrio na atividade de alongamentos e conhecimento, pois é de suma importância na prática esportiva. O sistema muscular acometido de encurtamento ou insuficiência de flexibilidade aumenta a estimulação dos agonistas via fuso muscular ao acionar o músculo para contrair-se, tornando-o mais rígido e os seus antagonistas mais lassos. Como consequência, instala-se um sistema hipotônico antagonista e um hipertônico agonista, instalando a assimetria, causando; aumento do gasto energético; desestabilização da postura; utilização de fibras compensatórias; compressão das fibras nervosas; aumento das incidências de cãibras e dor”; prejuízo da técnica nas habilidades.

Fonte; EXERCICIOS DE ALONGAMENTO
Anatomia e fisiologia
Abdallah Achour Junior

sexta-feira, 11 de março de 2011

PLÁCIDO DE ABREU MORAES

Segundo o autor, Plácido de Abreu Moraes, no romance documentário "OS CAPOEIRAS", lançado em 1886, também investiga o nascimento da capoeiragem, chegando às seguintes conclusões: "É um trabalho difícil estudar-se a capoeiragem, desde a primitiva, porque não é bem conhecida a sua origem. Uns, atribuem aos pretos africanos, o que julgo um erro pelo simples fato de que na Afríca não é conhecida a nossa capoeiragem e sim algumas sortes de cabeça.
Aos nossos indios também não se pode atribuir, porque apesar de possuirem a ligeireza que caracteriza os capoeiras, contudo, não conhecem os meios que estes empregam para o ataque ou defesa. O mais racional é que a capoeiragem criou-se, desenvolveu-se e aperfeiçoou-se entre nós."

Esse jogo aconteceu em uma apresentacao do grupo Senzala nos anos 80 coordenado pelo Camisa.



MESTRE LEOPOLDINA E MESTRE ARTUR EMIDIO

quarta-feira, 9 de março de 2011

AULAS DE CAPOEIRA

AULAS DE CAPOEIRA;
RUA DR ALBERTO SEABRA 1040 - ALTO DE PINHEIROS - ESPAÇO DO CORPO E DA DANÇA STEMPINIEWISKI - A PÁRTIR DE 10JAN11.
FONE 3021-0917 E 7817-4546

email; cove_io@hotmail.com

CAPOEIRA COMO ATIVIDADE FÍSICA


Precisamos incentivar nossas crianças a se movimentarem, CAPOEIRA ótima atividade para o trabalho e manutenção das capacidades físicas(força, flexibilidade, velocidade, resistência, coordenação, etc...), segundo o psicólogo contemporanêo GARDNER e sua teoria das inteligências multiplas, o ser humano precisa vivênciar suas habilidades, para que elas possam fluir e ajudar em seu cotidiano.  

sábado, 5 de março de 2011

LESÕES DE JOELHO NA PRATICA DA CAPOEIRA

LESÕES NA CAPOEIRA
por: CARLOS ROBERTO PELEGRINO ALVES DE SENA
RESUMO
A distância entre a prática da capoeira e o universo acadêmico é o fator determinante da origem deste artigo. Atualmente a capoeira é reconhecida como importante atividade física da cultura brasileira. Inúmeros benefícios estão associados a sua prática, contudo, existe uma quantidade restrita de pesquisas sobre as lesões pertinentes a modalidade. O objetivo deste artigo é descrever as principais lesões de joelho decorrentes da prática da capoeira, como também relatar diante de vários, alguns fatores que as promovem. O método utilizado foi à revisão de literatura. Os resultados obtidos sugerem que as principais lesões de joelho encontradas na prática da capoeira são as ligamentares, com predominância de “ligamento cruzado anterior” e as de meniscos. As principais causas das lesões são: as mecânicas, como os deslocamentos rápidos, os movimentos repetitivos e extenuantes e as mudanças bruscas de direção (que acentuam a ação da força de atrito e conseqüentemente a força de reação do solo); e as biológicas como o sistema muscular debilitado, a ação proprioceptiva falha e a flexibilidade muscular limitada.
INTRODUÇÃO
A capoeira, hoje patrimônio histórico, assim como o negro vive momentos de alforria, mas que no passado, segundo Gladson (1989), sofreu intermináveis violências como em 15/12/1890, quando um dos mais renomados políticos, Rui Barbosa, então Ministro da Fazenda do governo de Deodoro da Fonseca, prestou um péssimo serviço à nação, mandando queimar todos os documentos referentes à escravidão negra no Brasil, motivo este que temos tão poucos relatos sobre os acontecimentos da época e concomitantemente a capoeira e seus eventos, mas que nos dias de hoje é prestigiada não somente em nosso país, mas em todos os continentes do mundo.
A capoeira a partir de 1972 passou a ser considerada como modalidade desportiva (GLADSON, 1989).
E, como todo esporte, pode ocasionar lesões durante sua prática em decorrência dos movimentos repetitivos, da força de atrito no pé de apoio, dos movimentos que exigem maior flexibilidade ou que induzem a uma má postura, e que geralmente acometem às articulações dos tornozelos, punhos, ombros, cotovelos e joelhos, assim como, as musculares e lombalgias (MOREIRA, 03/02/2008).
“Enquanto o deslocamento do tronco para trás concentra o peso corpóreo no calcanhar do pé apoiado posteriormente produzindo uma extensão reflexa do joelho correspondente o da coluna vertebral, sobrecarregando a massa muscular posterior da perna, impedindo a mobilização rápida do membro de apoio posterior e a esquiva para trás, além de criar condições mecânicas a instalação de lesões mio-ligamento-articulares. O joelho, devido à sustentação, forças externas e deslocamentos rápidos com as mudanças bruscas de direção, é uma das articulações mais exigida na prática da Capoeira”.
(DECANIO, 2008)
O objetivo deste artigo é descrever as principais lesões de joelho decorrentes da prática da capoeira, como também relatar os fatores que as promovem.
DESENVOLVIMENTO
1. CAPOEIRA
“Existem diversas versões a respeito da origem da Capoeira. A mais comum acredita que ela vem da dança N’GOLO, ou dança da zebra. Na África, em Angola, segundo a descrição do Mestre Bola Sete (1997)”, [...] existia um ritual bastante violento chamado jogo da zebra, onde os negros lutavam aplicando cabeçadas e pontapés e os vencedores tinham como prêmio as meninas da tribo que ficavam moças “(p.19). Segundo (Valdeloir Rego 1968), ressalta que essa dança era praticada por negros no Brasil, como divertimento em dias de domingos e feriados em festas de lago.Outras manifestações que lembram a capoeira podem ter origem em diversos movimentos de danças distintas da África. Por exemplo, a Bassula, a Cabangula ou mesmo o Umundinhú” (SOARES, 1995) (DARIDO 2005, p 263).
Segundo o artigo de Fontoura e Guimarães (2002), por volta de 1550 é que os primeiros escravos africanos começaram a desembarcar no Brasil, oriundos de diferentes tribos, com diferentes costumes e culturas.
Trabalhando num regime de sol a sol, chicoteados pelos seus feitores, derrubavam matas, preparavam a terra, plantavam a cana e produziam, com o amargor do sofrimento, o açúcar, doce riqueza dos senhores (AREIAS, 1996, p.11).
Viu-se, a capoeira nestas circunstancias, tolhida em seu desenvolvimento, sendo praticada às escondidas ou disfarçada, cautelosamente, com danças e músicas de sua terra natal (PASTINHA, 1988, p.28).
Com o processo de colonialismo brasileiro e com a chegada dos negros escravos originários da África, aqui a capoeira apareceu como forma de defesa pessoal dos escravos contra seus opressores do engenho (SANTOS, 1990, p.19).
De acordo com Mello (1996) apud Fontoura e Guimarães (2002), a capoeira acontecia de forma clandestina, pois uma vez usada como arma de luta, os senhores do engenho à coibiam veementemente na base da tortura.
O capoeira desde o seu aparecimento foi considerado um marginal, um delinqüente, em que a sociedade deveria vigiá-lo, e as leis penais enquadrá-lo e puní-lo (REGO, 1968, p. 291).
Mesmo depois de abolida a escravidão, os capoeiristas continuaram a sofrer perseguições da polícia e eram mal vistos pela sociedade (GLADSON, 1989, p. 22).
Do artigo 402, do código penal capitulo XIII de 1890 diz; Fazer nas ruas e praças públicas, exercício de agilidade e destreza corporal conhecida como capoeiragem; prisão celular de dois a seis meses (REGO, 1968, p. 292).
Em 1907, surge a primeira tentativa de instituição de uma ginástica brasileira, com o opúsculo O GUIA DA CAPOEIRA OU GINASTICA BRASILEIRA, cujo autor se oculta sob as iniciais de O D.C. (GLADSON 1989, p. 22).
Segundo informações de Mestre Sinhozinho(Agenor Sampaio), muitos moços daquela época e de boas famílias passaram a praticar a capoeira, vendo nela excelente exercício de destreza e recurso de defesa pessoal (GLADSON, 1989, p.22).
“Em 1936, surge Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado), sendo o grande pioneiro na projeção da capoeiragem. Faz a primeira demonstração da inovação do seu trabalho, e um ano depois é convidado pelo então governador da Bahia, General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação no palácio para um grupo de amigos e autoridades convidadas, mostrando a eles uma parte da nossa herança cultural. Naquele mesmo ano a capoeira é oficializada pelo governo como instrumento de Educação Física e Mestre Bimba recebe da Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública uma licença e registro para funcionamento da sua escola como centro de Educação Física” (AREIAS, 1983, ps. 67 e 68)
Em 1972 a capoeira foi homologada pelo Ministério da Educação e Cultura como modalidade desportiva (GLADSON 1989, p. 23).
A Confederação Brasileira de Pugilismo, pelo seu Departamento Especial de Capoeira, elaborou o Regulamento Técnico que norteou a vida da capoeira-esporte em todos os eventos e graduações oficiais em âmbito nacional, e tendo como órgãos responsáveis, em nível estadual, as respectivas Federações e nos dias de hoje a Capoeira é ensinada em academias, clubes, escolas e universidades, com o lúdico, o ritmo e a luta (GLADSON 1989, p.23).
2. LESÕES NA CAPOEIRA
De acordo com Moreira (03/08/2008), a mecânica de alguns movimentos da capoeira, pelo excesso repetitivo ou pela realização inadequada, promove as seguintes lesões:
Tornozelo
Geralmente ocasionada em decorrência de torções durante a ginga, deslocamentos e impactos ao término dos saltos.
Lesões Musculares
Geralmente na realização inadequada de determinados movimentos executados com excesso de explosão, podem acarretar lesões tais como: distensão, contusão, estiramento e contratura muscular.
Lombalgias
Geralmente acontece no trabalho realizado em postura pouco natural, como movimentos inesperados e súbitos, os quais também exigem grande flexibilidade como a ponte, que também força a região facetária das vértebras.
Punhos
Geralmente acontece no impacto dos MMSS. no solo tais como: mortal com as mãos e as quedas (desequilibrantes).
Ombro
Geralmente acontece nos movimentos com exploração da amplitude total do ombro, associando-se à descarga de peso nesta articulação, tais como: macaco, S-dobrado, paradas de mão c/queda de rins, aú giratório, etc… Pode-se chegar a uma artrite traumática.
Menisco ligamentares do joelho
Lesão que geralmente ocorre em detrimento de sobrecarga na articulação,uma hiperextensão ou até mesmo ao atrito e uma torção da articulação devido o pé estar fixado no chão, geralmente acontece durante na execução dos golpes e ao aplicar ou receber movimentos desequiibrantes (quedas).
Cotovelo
Perigo de luxações e entorses, nos movimentos de floreio.
Fonte: site www.capoeiraequilibrio.com.br/fisioterapeuta Izabel Braz Moreira
“O capoeirista para aprender um novo golpe ou movimento precisa desenvolver o uso sincronizado de vários grupos musculares simultaneamente. Isso vai viabilizar o uso destes grupos musculares também em práticas corriqueiras no dia a dia, diferentemente do praticante da musculação que trabalha isoladamente para cada grupo muscular. Por outro lado, deve-se tomar muito cuidado, pois a prática indevida pode ocasionar lesões musculares, assim como, lesões articulares, muitas vezes irreversíveis, que podem acarretar prejuízos ao praticante, pelo resto de sua vida”. (BURIANOVÁ, Ph Dr. ZUZANA, 2007).
De acordo com Andrews (2000) apud Cintra Neto (2006), a articulação do joelho é a mais constantemente lesada em todo o corpo, em especial em indivíduos que participam em atividades atléticas, sendo a instabilidade permanente e progressiva mais alta do que qualquer outra lesão articular nos esportes.
3. PRINCIPAIS LESÕES DE JOELHO NA CAPOEIRA
“Foram avaliados treze pacientes que foram submetidos a cirurgia de reconstrução de ligamento cruzado anterior (LCA), todos atendidos e operados pela Equipe de joelhos do setor de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, sendo que dos 13 pacientes estudados, 10 eram homens (76,9%) e três mulheres (23,1%) e a média de idade foi de 34,5 anos, o esporte mais praticado antes da lesão foi o futebol, (69,2%), seguido da capoeira e basquete (todos com 7,7%). O mecanismo de trauma mais freqüente foi a entorse (10 pacientes – 76,9%), seguida do trauma direto em três pacientes (23,1%)”.(BONFIM, PACCOLA, 2000).
Segundo Petersen e Renstrom (2002, p. 267), “lesões no ligamento colateral medial e lesões meniscais são a maioria, mas, rupturas de ligamento cruzado anterior (LCA) também são comuns e responsáveis por uma considerável quantidade de tempo perdido no esporte”.
3.1 LESÕES LIGAMENTARES
“A articulação do joelho é estabilizada por quatro fortes ligamentos: o ligamento colateral medial (LCM), o ligamento colateral lateral (LCL), o ligamento cruzado anterior (LCA) e o ligamento cruzado posterior (LCP), sendo que o LCM e o LCL evitam a movimentação látero-lateral, enquanto o LCA e o LCP limitam a movimentação anormal antero-posterior. Lesões por torção que causam forças excessivas sobre esses ligamentos podem rompê-los”. (PETERSEN E RENSTROM, 2002, p. 268).
Na articulação do joelho, a qual a configuração dos ossos não é particularmente estável, a tensão nos ligamentos contribui muito para a estabilidade articular, ajudando a manter as extremidades ósseas articuladas. (Hall, 2005, p. 121).
A localização de cada ligamento determina a direção na qual será capaz de opor resistência a uma luxação do joelho. (HALL, 2005, p. 231).
A maioria das lesões no joelho, especificamente o ligamento cruzado anterior (LCA) ocorre nas praticas esportivas, principalmente naquelas que envolvem desaceleração, rotação e saltos (BONFIM e PACCOLA, 2000).
“O LCA é o restritor primário da anteriorização da tíbia em relação ao fêmur, sendo responsável por 75% da estabilização anterior do joelho. A lesão de LCA é considerada grave, pois gera uma instabilidade do joelho em movimentos de rotação e mudanças de direção, a perda do LCA não produz somente cinética anormal, mas também freqüentemente resulta em grandes mudanças degenerativas no joelho. O LCP (Ligamento Cruzado Posterior), bloqueia o deslocamento anterior do fêmur sobre a tíbia. É mais robusto, porem, mais curto e menos obliquo em sua direção que o anterior”. (PETERSEN e RENSTROM 2002, ps. 271 e 273).

3.2 LESÕES DE MENISCOS
“Os meniscos lateral e medial são fibrocartilagens intra-articulares que apresentam as seguintes funções: aumentar a congruência das articulações tibiofemorais, distribuir a pressão, lubrificação, estabilização da articulação do joelho em todos os planos (principalmente conferindo estabilidade rotacional), prevenir o colapso da membrana sinovial durante a flexo-extensão, sustentar de 40 a 60% da carga total sobre o joelho e até 85% na flexão, absorver impacto fêmoro-tibial em até 20% e função proprioceptiva através de receptores específicos”. (CAMPBELL,1997) (CINTRA NETO, 2006).
As lesões do menisco medial são 20 vezes mais freqüentes que as lesões do menisco lateral. O menisco medial adere firmemente à cápsula articular e ao ligamento colateral medial, de modo a ficar mais exposto aos traumatismos. (VARGAS et al, 2002).
“O menisco medial é parte do complexo ligamentar medial, sendo inserido na cápsula em toda sua extensão, alem de apoiar-se sobre uma superfície côncava. Isto permite menor mobilidade durante os movimentos articulares, sendo considerado o menisco da estabilidade, suas lesões são classificados como; traumáticas, degenerativas e congênitas, decorrentes de traumas rotacionais ou axiais, evidenciados na prática esportiva, subida de escadas e rampas e na queixa de falseio, o menisco lateral também poderá apresentar lesões; traumáticas, degenerativas e congênitas, conseqüentes também de traumas rotacionais (VARGAS et al,2002).
“Em esportes de contato, é comum a ocorrência de lesões dos meniscos, muitas vezes combinadas com lesões ligamentares, particularmente quando o menisco medial é envolvido, sendo com frequencia causadas por impacto de torção no joelho. Em casos de rotação externa do pé (eversão) e da porção inferior da perna em relação ao fêmur, o menisco medial fica mais vulnerável, enquanto em rotação interna do pé(inversão) e parte inferior da perna, o menisco lateral é facilmente lesado e acontecendo também na hiperextensão ou hiperflexão do joelho”. (PETERSEN e RENSTRON, 2002 p. 298).
4. ORIGEM DAS LESÕES
4.1 FATORES MECÂNICOS
“[...] tomando-se como referência outras expressões do movimento humano (1), pode-se classificar as cargas externas geradas nos movimentos armada pulada e no parafuso como sendo de moderada intensidade. Considerando ainda que a carga externa, quando aplicada em intensidade e/ou volume excessivos, pode provocar lesões em diversas estruturas do tecido biológico, deve-se dedicar especial atenção à seleção dos movimentos utilizados nas aulas de capoeira (BRENNECKE, AMADIO, SERRÃO, 2005)
O risco da prática da capoeira encontra-se na falta de consciência e orientação para a realização dos movimentos, o que pode levar a ocorrência de lesões (MOREIRA, 03/08/2008).
[...] ainda que em situações de jogo dificilmente se execute diversas vezes o mesmo movimento, em situações de treinamento a repetição sistemática de um mesmo movimento é usualmente realizada, aumentando, portanto, as chances de lesões por sobrecarga em indivíduos não preparados e/ou fadigados”(BRENNECKE, AMADIO, SERRÃO, 2005)
A lesão de joelho geralmente ocorre em detrimento de sobrecarga na articulação, uma hiperextensão ou até mesmo ao atrito e entorse da articulação devido o pé estar fixado no chão, geralmente acontece durante a execução dos golpes e ao aplicar ou receber movimentos de quedas (MOREIRA, 03/08/2008).
Segundo (Smith, Weiss e Lehmkuhl, 1997, ps. 24 e 25) a força do atrito pode proporcionar estabilidade se ótimo, retardar o movimento se excessivo e levar a instabilidade se inadequada.
Decanio (2008), médico e ex-aluno de Mestre Bimba, relata que o joelho, devido à sustentação, forças externas e deslocamentos rápidos com as mudanças bruscas de direção, é uma das articulações mais exigida na prática da Capoeira.
“Várias podem ser as causas de lesões no joelho devido à capoeira, exemplo é o excesso de peso do capoeirista, assim como, a repetição excessiva do movimento de flexo-extensão dos mesmos, que provocam um desgaste gradual desta articulação deixando-a propensa a lesões”.(MOREIRA, 2008).
“Na Capoeira, em alguns casos a simples flexão é suficiente para a realização do movimento, porém, em outros esta articulação necessita de sua capacidade máxima para que o movimento ocorra, como por exemplo, segundo a música, de domínio público, descrita a seguir, onde nota-se que o ritmo e a música pedem um jogo mais lento e compassado, com corpos rentes ao solo, com ambas as mãos e pés servindo como apoio e com a articulação do joelho sendo utilizada em flexão máxima”. (MOREIRA, 2008).
“Devagar
Oi devagarinho
É que o jogo de angola
Ele é bem miudinho…”

“Esportes competitivos, como os de lutas, obrigam a treinamentos intensos e longos, havendo sem duvida sobrecarga ao corpo humano, e neste aspecto, o joelho fica vulnerável, seja em atletas ou esportistas. Sendo, portanto, uma articulação muito comumente envolvida em lesões esportistas recreativas e profissionais. Nos esportes de contato, o atleta é ainda mais suscetível, pois além destes fatores, ainda esta envolvido o peso do outro atleta, levando a uma maior sobrecarga”.(ASSIS, GOMES e CARVALHO, 2005).
“Segundo trabalho cientifico publicado no VII Congresso de Iniciação Cientifica e V Simpósio de Pós Graduação da Escola de Educação Física e Esporte da USP, de acordo com (Stallard, 1984), “a força pode ser definida como uma ação física, que tende a mudar a posição do corpo no espaço”, ou seja, segundo o trabalho, as forças mensuráveis são as forças externas, transmitidas entre o corpo e o ambiente, isto é, forças de reação. E segundo (Stucke, 1984), a força de reação do solo que ocorre durante a fase de apoio ou contato, é um dos principais parâmetros externos da estrutura do movimento com influência na quantificação da sobrecarga mecânica sofrida pelo aparelho locomotor”. (HEINE, SERRÃO e ALMEIDA, 2000).
“A boa mecânica corporal requer que a amplitude de movimento articular seja adequada, porém não excessiva. Existe um principio básico relativo aos movimentos articulares; quanto maior a flexibilidade, menor a estabilidade; quanto maior a estabilidade menor a flexibilidade; onde o desempenho habilidoso em uma variedade de esportes, danças e atividades acrobáticas requerem flexibilidade e comprimento muscular excessivos. Embora possa ser aplicado para a melhora do desempenho em determinada atividade, pode afetar adversamente o bem estar do individuo que o está desempenhando”.(KENDALL, MC CREARY e PROVANCE, 1995).
4.2 FATORES BIOLÓGICOS
“É fato que a presença de desequilíbrio muscular entre extensores (quadríceps) e flexores (ísquio-tibiais) do joelho pode contribuir para uma maior ocorrência de lesões, e que uma musculatura em harmonia pode evitar ou pelo menos minimizar, não só as lesões do joelho, mas também de todas as articulações e músculos do corpo”.(ASSIS, GOMES e CARVALHO, 2005).
“A articulação do joelho é composta por músculos extensores e flexores sendo extensores; reto da coxa, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio, os quatro músculos formam uma única fixação distal forte na patela, cápsula do joelho e superfície proximal anterior da tíbia, e os flexores; bíceps femoral, semitendinoso e o semimembranoso (coletivamente chamados de isquiotibiais); o gastrocnêmio, o plantar, o poplíteo, o grácil e o sartório. Músculos, estes que passam posteriormente ao eixo de flexão e extensão variável de flexão do joelho”.(SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997, p.359, 361).
Um bom trabalho de musculação dentre vários, para a ativação dos músculos extensores pode ser: a cadeira extensora e o trabalho com caneleiras (também na cadeira extensora), pois ativa melhor o vasto medial devido a maior resistência nos últimos graus de extensão; quanto que aos músculos flexores o Leg-press, com o apoio alto, tendo uma maior amplitude articular do quadril e uma menor amplitude articular do joelho, trabalhando ativamente em maior proporção os músculos flexores em comparação ao apoio baixo, sendo que este exercício também trabalha o quadríceps, com isso, é indicado para pessoas que apresentam alterações de ligamento cruzado anterior; e o agachamento; onde estarão envolvidas as articulações do quadril, joelho e tornozelos serão trabalhados os músculos extensores do quadril (bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso e glúteo máximo) extensores do joelho (reto femoral, vasto intermédio, vasto medial e vasto lateral) e flexores plantares (gastrocnêmios e sóleo) trabalho este, que seja realizado, desde que não tenha articulações em processo inflamatório”(LIMA e PINTO, 2005).
Segundo (Nunes, Castro, Marchetto e Pereira, 2003), propriocepção, é definida como a capacidade inconsciente de sentir o movimento e posição de uma articulação no espaço. No joelho ela é medida por mecanoreceptores situados nas suas principais estruturas como ligamentos, cápsula articular, tendão patelar, meniscos, etc…
“Os receptores das terminações nervosas informam as alterações mecânicas das estruturas músculo-articulares, as aferências dos sistemas músculo-articulares projetam-se para os centros de processamento no cérebro, por meio de reflexos algumas vezes imperceptíveis e por meio das vias de controle motor, que podem influenciar os neurônios motores que controlam a atividade muscular e as atividades das vias neurais que regulam o próprio sistema músculo-articular, portanto a propriocepção é inicialmente trabalhada de uma maneira consciente por meio de exercícios de equilíbrio, postura do joelho no espaço, tempo correto de atuação dos músculos flexores antes de chocar o pé contra qualquer obstáculo, mesmo o solo, ou seja, puro trabalho sensório-motor, através das vias aferentes e eferentes”. (EKMAN, 2000 apud ARCHOUR JR., 2002, p. 301)
De acordo com Dover (2003) apud Bonetti (2007), exercícios proprioceptivos são uma parte integral do processo de reabilitação, sendo prudente seu uso na prevenção de lesões desportivas, pois estudos realizados comprovaram que a prescrição destes exercícios melhora o senso de posição articular e evita que as lesões ocorram.
“A propriocepção é inicialmente trabalhada de uma maneira consciente por meio de exercícios de equilíbrio, a postura do joelho no espaço, tempo correto de atuação dos músculos flexores, etc. A repetição exaustiva deste treinamento consciente fará com que o mesmo se torne automático e inconsciente preparando o individuo a usar seus músculos flexores antes de chocar o pé contra qualquer obstáculo, mesmo o solo. Vário técnicas existem para se treinar a propriocepção do joelho, tais como, a balancinha e a cama elástica, aparelhos estes, os quais propiciam instabilidade durante os exercícios para que se adquira uma melhor estabilidade articular, onde em média se necessita de quatro a seis semanas de trabalho para um bom resultado final”.(NUNES, CASTRO, MARCHETTO e PEREIRA, 2003).
“O programa de exercícios proprioceptivos, para propor um trabalho preventivo, deve ter exercícios dinâmicos, mutidirecionais e específicos de cada esporte. Estes exercícios trabalham principalmente com componentes da estabilidade dinâmica das articulações (unidades músculo-tendíneas) que mantém os membros e articulações estáveis durante os movimentos. Este treinamento de exercícios dinâmicos específicos de cada esporte, permite facilitações na adaptação proprioceptiva na articulação do joelho em atletas, evitando falseios e instabilidades”.(HEWETT, 2001; BONETTI, 2007).
“Tanto os tecidos contráteis (sarcômeros), como os não contráteis (fascias, tendões e ligamentos), tem propriedades elásticas e plásticas. Se há intenção de ocasionar deformação no tecido à longo prazo, a tensão aplicada deve alcançar, e até mesmo, superar ligeiramente o limite elástico do tecido e mante-lo por determinado tempo, ou seja, é necessário procurar manter o equilíbrio na atividade de alongamentos e conhecimento, pois é de suma importância na prática esportiva. O sistema muscular acometido de encurtamento ou insuficiência de flexibilidade aumenta a estimulação dos agonistas via fuso muscular ao acionar o músculo para contrair-se, tornando-o mais rígido e os seus antagonistas mais lassos. Como consequência, instala-se um sistema hipotônico antagonista e um hipertônico agonista, instalando a assimetria, causando; aumento do gasto energético; desestabilização da postura; utilização de fibras compensatórias; compressão das fibras nervosas; aumento das incidências de cãibras e dor”; prejuízo da técnica nas habilidades atléticas e de luta”(ARCHOUR JR, 2002 p. 295).
CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objetivo pesquisar sobre lesões que acometem os indivíduos que praticam a capoeira, assim como tentar identificar quais os fatores que as promovem. A partir das informações coletadas na revisão de literatura, concluiu-se que: as lesões de joelho, com predominância de “Ligamento Cruzado Anterior” e “Meniscos” em decorrência da postura do individuo estão mais sujeitas a acontecer através dos deslocamentos rápidos com mudanças bruscas de direção (ginga e fintas de corpo), bem como, movimentos repetitivos e extenuantes (golpes de linha e giratórios), em decorrência da soltura dos golpes e o pé de apoio no chão, ocasionando a força de atrito e resultando na força de reação do solo, onde dependendo do piso e o indivíduo estando descalço será menor e calçado será maior. Forças externas que com o passar do tempo, poderão ocasionar uma frouxidão ligamentar em decorrência das micro-lesões sem intervalos ocasionadas pelo Stress, podendo chegar a uma ruptura ligamentar. No movimento de rotação, tomemos como exemplo o golpe da armada, acontecerá o trabalho sensório – motor; sensório (SNC- via eferente -ligamentos) e motor (ligamentos – via aferente – SNC), momento este em que acontecerá um deslizamento rotacional dos côndilos femorais, lateral e medial do fêmur, sobre os Platôs tibiais lateral e medial da tíbia, podendo acontecer o atraso da mensagem eferente quanto a controlar ou até mesmo parar o golpe giratório, devido a uma ação proprioceptiva falha ocorrendo a frouxidão ligamentar, concomitantemente com o sistema muscular debilitado e a flexibilidade limitada, poderá ocorrer o rompimento do LCA e por muitas vezes acompanhado da lesão de menisco. O fortalecimento muscular, os exercícios de propriocepção e alongamentos, não neutralizarão a possibilidade de lesões, mas agirão preventivamente contra as mesmas.
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MESTRE ALCIDES / CACO VÉIO

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CURSO DO MESTRE CAMISA EM 1991- FMU SPAULO

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