UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Campus Universitário/Trindade
- Florianópolis-SC
CEP: 88040-900 - Tel: (048)
231 9366 - Fax: (048) 231 9927
DISCIPLINA:
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A GRADUAÇÃO
MODALIDADE: CAPOEIRA MISTA (Optativa)
CÓDIGO - DEF 5225
- TURMA: 0467C
CARGA HORÁRIA: 54 HORAS/AULA (3 aulas semanais)
CRÉDITOS: 03 (TRÊS)
SEMESTRE: 97/1
PROFESSOR: JOSÉ LUIZ CIRQUEIRA FALCÃO
LOCAL: SALA 707
e GINÁSIO DE ALUMÍNIO
A Capoeira Angola[1]
Há uma grande controvérsia em torno da Capoeira Angola, o
que faz com que este seja um dos mais difíceis, senão o mais difícil tema para
se discutir na capoeira. Muitos capoeiristas acreditam que a Angola é
simplesmente uma capoeira jogada mais lentamente, menos agressiva e com golpes
mais baixos, com maior utilização do apoio das mãos no chão. Outros explicam
que ela contém o que há de essencial da filosofia da capoeira. Há ainda aqueles
que, mais radicais, chegam a afirmar que a Capoeira Angola foi completamente
superada na história dessa arte-luta pelas técnicas mais modernas, que seriam
mais eficientes e adequadas aos tempos atuais, dizendo que é mero saudosismo
querer recuperar as tradições da Angola.
Para que se possa compreender a questão, algumas perguntas
devem ser respondidas: A Angola é um "estilo" de capoeira, da mesma
forma que há vários estilos de karate, com técnicas bastante distintas entre
si? Todo capoeirista deve optar entre ser um "angoleiro" ou um
praticante da Capoeira Regional, criada por Mestre Bimba por volta de 1930?
Seria possível jogar a Capoeira Angola de maneira idêntica àquela jogada pelos
velhos mestres, que tiveram o seu auge no começo deste século? E, ainda: é
possível, nos dias de hoje, traçar uma rigorosa separação entre as principais
escolas da capoeira, Angola e Regional?
De uma maneira geral, a Angola é entendida como a
capoeira antiga, anterior à criação da Capoeira Regional. Dessa forma, a
distinção Angola/Regional é muitas vezes entendida como uma separação nestes
termos: capoeira "antiga"/capoeira "moderna". No entanto, a
questão não é tão simples assim, uma vez que não houve simplesmente uma
superação da Angola pela Regional. Além disso, defender hoje em dia a prática
da Capoeira Angola não é apenas querer voltar ao passado, mas buscar na
capoeira uma visão de mundo que questionou, desde o princípio, o conceito de
eficiência.
Quando a Regional surgiu, já existia uma tradição
consolidada na capoeira, principalmente nas rodas de rua do Rio de Janeiro e da
Bahia. Depoimentos obtidos junto aos velhos mestres da capoeira da Bahia
lembram nomes importantíssimos na história da luta, como Traíra, Cobrinha
Verde, Onça Preta, Pivô, Nagé, Samuel Preto, Daniel Noronha, Geraldo
Chapeleiro, Totonho de Maré, Juvenal, Canário Pardo, Aberrê, Livino, Antônio
Diabo, Bilusca, Cabelo Bom e outros, aos quais já nos referimos anteriormente.
São inúmeras as cantigas que lembram os nomes e as proezas destes capoeiristas,
mantendo-os vivos na memória coletiva da capoeira.
[1] Artigo de Luiz Renato Vieira,
publicado na Revista CombatSport, n. 21,
set. 1994. (Também publicado no Jornal da Capoeira, São Paulo, n. 2, 1996 e no
Jornal Muzenza, Curitiba, n. 14, jul. 1996.
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