quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE DESPORTOS

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Campus Universitário/Trindade - Florianópolis-SC

CEP: 88040-900 - Tel: (048) 231 9366 - Fax: (048) 231 9927

 

 

 

DISCIPLINA:  EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A GRADUAÇÃO

MODALIDADE: CAPOEIRA MISTA  (Optativa)

CÓDIGO - DEF 5225  -  TURMA: 0467C

CARGA HORÁRIA: 54 HORAS/AULA (3 aulas semanais)

CRÉDITOS: 03 (TRÊS)

SEMESTRE: 97/1

PROFESSOR: JOSÉ LUIZ CIRQUEIRA FALCÃO

LOCAL: SALA 707  e  GINÁSIO DE  ALUMÍNIO

 

A Capoeira Angola[1]

 

            Há uma grande controvérsia em torno da Capoeira Angola, o que faz com que este seja um dos mais difíceis, senão o mais difícil tema para se discutir na capoeira. Muitos capoeiristas acreditam que a Angola é simplesmente uma capoeira jogada mais lentamente, menos agressiva e com golpes mais baixos, com maior utilização do apoio das mãos no chão. Outros explicam que ela contém o que há de essencial da filosofia da capoeira. Há ainda aqueles que, mais radicais, chegam a afirmar que a Capoeira Angola foi completamente superada na história dessa arte-luta pelas técnicas mais modernas, que seriam mais eficientes e adequadas aos tempos atuais, dizendo que é mero saudosismo querer recuperar as tradições da Angola.

            Para que se possa compreender a questão, algumas perguntas devem ser respondidas: A Angola é um "estilo" de capoeira, da mesma forma que há vários estilos de karate, com técnicas bastante distintas entre si? Todo capoeirista deve optar entre ser um "angoleiro" ou um praticante da Capoeira Regional, criada por Mestre Bimba por volta de 1930? Seria possível jogar a Capoeira Angola de maneira idêntica àquela jogada pelos velhos mestres, que tiveram o seu auge no começo deste século? E, ainda: é possível, nos dias de hoje, traçar uma rigorosa separação entre as principais escolas da capoeira, Angola e Regional?

            De uma maneira geral, a Angola é entendida como a capoeira antiga, anterior à criação da Capoeira Regional. Dessa forma, a distinção Angola/Regional é muitas vezes entendida como uma separação nestes termos: capoeira "antiga"/capoeira "moderna". No entanto, a questão não é tão simples assim, uma vez que não houve simplesmente uma superação da Angola pela Regional. Além disso, defender hoje em dia a prática da Capoeira Angola não é apenas querer voltar ao passado, mas buscar na capoeira uma visão de mundo que questionou, desde o princípio, o conceito de eficiência.

            Quando a Regional surgiu, já existia uma tradição consolidada na capoeira, principalmente nas rodas de rua do Rio de Janeiro e da Bahia. Depoimentos obtidos junto aos velhos mestres da capoeira da Bahia lembram nomes importantíssimos na história da luta, como Traíra, Cobrinha Verde, Onça Preta, Pivô, Nagé, Samuel Preto, Daniel Noronha, Geraldo Chapeleiro, Totonho de Maré, Juvenal, Canário Pardo, Aberrê, Livino, Antônio Diabo, Bilusca, Cabelo Bom e outros, aos quais já nos referimos anteriormente. São inúmeras as cantigas que lembram os nomes e as proezas destes capoeiristas, mantendo-os vivos na memória coletiva da capoeira.



[1] Artigo de Luiz Renato Vieira, publicado  na Revista CombatSport, n. 21, set. 1994. (Também publicado no Jornal da Capoeira, São Paulo, n. 2, 1996 e no Jornal Muzenza, Curitiba, n. 14, jul. 1996.

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