sábado, 23 de outubro de 2010

Topedera Piauí
Coraçado in Bahia
Marinheiro absoluto
Chego pintando arrelia
Quando vê cobra assanhada
Não mete o pé na rodia
Se a cobra assanhada morde
Que fosse a cobra eu mordia
Mataro Pedro Minero
Dentro da Secretaria1
   As rodas de capoeira realizadas em diferentes espaços da cidade de
Salvador ainda preservam as tradições dos conflitos de rua dos capoeiras
da Bahia dos primórdios do século XX. As vidas de Pedro Mineiro,
Samuel da Calçada e Besouro Mangangá podem ser entrevistas através
das cantigas que ainda hoje acompanham e dão o ritmo a cada jogo, tal
como a ladainha, acima citada, que se refere a um episódio da vida de
Pedro Mineiro. Quem era este capoeira e que história era essa? Lenda?
Mito? Fantasia? Não. No dia 28 de dezembro de 1914, um homem chamado
Pedro Mineiro sofreu um atentado dentro da Secretaria de Segurança
Pública do Estado da Bahia.
        Aparentemente, tudo começou semanas antes do episódio ocorrido
na Secretaria. Desde o início de dezembro a rua do Saldanha andava em pé
de guerra por causa de um grande tiroteio promovido por marinheiros (que
estavam “em promiscuidade” com “mulheres de vida fácil”) e outros “indivíduos
afeitos à desordem”. Na ocasião, várias prostitutas foram presas
acusadas de terem sido o “móvel” da confusão, e os marujos indignados
foram até a casa do capitão Cyrillo para agredi-lo e exigir que ele colocasse
as mulheres em liberdade.2 Este fato causou um clima de grande tensão,
que, tudo indica, foi aumentando com o passar do tempo.
No dia 26 de dezembro, um outro conflito a bala explodiu entre
capoeiras e um grupo de marinheiros do torpedeiro Piauhy, chegado do
Rio de Janeiro há três meses. O palco da desordem foi o botequim do
Galinho, onde os marinheiros jantavam quando foram atacados pelos
capoeiras Pedro Mineiro, Sebastião de Souza, e por um indivíduo chamado
Antônio José Freire, também conhecido por Branco. O tiroteio
durou cerca de 15 minutos, provocando grande alvoroço e muita correria.
Todos os botequins, lojas, armazéns e residências da região fecharam
portas e janelas, ficando em campo apenas os contendores, armados
de faca e pistola. Na luta, dois marinheiros foram mortos: José Domingos
dos Santos, que trazia consigo uma faca, e Francisco Hollanda
Wanderley, cujo espólio nada tinha de valor.3 Os demais marinheiros
Feridos, conseguiram escapar e voltar ao navio. Pedro Mineiro, Sebastião
e Branco tentaram fugir pelas ruas da Sé, mas foram presos por guardas
civis e pessoas do povo, conduzidos ao posto policial mais próximo e de
lá transferidos para a Secretaria de Segurança Pública.
        As razões desse conflito, logo designado de “o crime do Saldanha”,
são um pouco confusas. A versão mais difundida é que ele foi conseqüência
de uma briga entre Pedro Mineiro e um dos marujos envolvidos,
ocorrida na noite anterior, por ciúmes de uma prostituta. Mestre Noronha
narra, por exemplo, que o conflito do “botequinho de propriedade de
Galinho no Largo da Sé” ocorreu porque a amante de Pedro Mineiro, a
garçonete Maria José, aceitara o convite de um dos marujos que “pegou
a gostar dela [...] foi quando Pedro Mineiro matou um marinheiro e jogou
o outro pela janela do 1o andar [...]”.4 No entanto, as declarações do
sargento do posto policial da Sé, Marinho Vaz Sampaio, trazem novos
elementos para a compreensão do fato.
          Segundo contou, dias antes, na rua das Campelas, ele fora atacado
a tiros por um dos marinheiros envolvidos na refrega, que, aliás, já o
tinha ameaçado desde a véspera por ter prendido uma meretriz. Nessa
ocasião, Pedro Mineiro e Sebastião vieram em seu auxílio e foram agredidos
por vários marinheiros, tendo existido, portanto, uma contenda
anterior entre os dois grupos. Talvez ao invadirem o botequim do Galinho,
os capoeiras pretendessem se vingar dos marujos, por vontade própria
ou a mando do sargento, que acabou também sendo preso e acusado de
ter sido o responsável pelo assassinato dos marinheiros.
          O inquérito sobre “o crime do Saldanha” ocorreu na Secretaria de
Segurança Pública. No dia dos depoimentos formou-se uma grande multidão
em frente ao prédio. Pedro Mineiro foi um dos primeiros a ser
interrogado. Segundo a imprensa, “ perguntado qual a sua profissão,
declara ser empregado da polícia e que exercia suas funções por toda a
cidade; perguntado em que caráter, diz que de subdelegado da polícia e
que não dizia como delegado, porque respondia ao dr. Delegado, pois se
respondesse ao chefe, dizia como delegado, por lhe ser inferior; perguntado
por ordem de quem se arvorava em autoridade disse que por ordem
do chefe e do delegado”.6
          Sobre o crime em si respondeu com evasivas, afirmando ser “secreta
da polícia e que, estando em casa a tomar café em companhia de
Sebastião e Branco, ouvira grande alarido na rua, pelo que saiu, sendo
agredido por marinheiros, procurando se defender com uma faca, nada
sabendo dizer sobre a morte dos marinheiros”.7 A este depoimento se
seguiu o dos dois outros réus, Sebastião e Branco, que também se declararam
“secretas da polícia”, passando-se então ao auto de perguntas às
vítimas. Foi aí que aconteceu o inesperado, um dos marinheiros do Piauhy,
sentindo-se insultado, atirou contra Pedro Mineiro, dentro da chefatura
de polícia e diante das autoridades. Assim, de acusado, Pedro Mineiro
passou também a vítima, pois foi gravemente atingido no ombro, na
perna e na região lombar.
           Durante dias, o “crime do Saldanha” e o atentado a Pedro Mineiro
foram manchete de primeira página, especialmente no jornal A Tarde. E
como toda a imprensa se interessou pelo assunto, a troca de correspondência
entre o Chefe de Polícia e o Comandante do Piauhy acabou sendo
divulgada. Na primeira carta, Álvaro Cova, manifestando sua estranheza
diante do fato de marujos requisitados a prestarem depoimento como “informantes
e testemunhas de um processo” se “apresentarem armados em
condições de praticarem tão vergonhosa selvageria”, declarou que o atentado
feito a Pedro Mineiro dentro “edifício sede da alta administração
policial do Estado” significava uma afronta, uma espécie de vingança dos
marinheiros à própria corporação da polícia. Em resposta, o Capitão Carlos
explicou que nenhum marinheiro tinha autorização para descer em terra
armado, e que condenava formalmente tal atentado.
           Cabe dizer, todavia, que o estado de saúde de Pedro Mineiro piorava
a cada dia depois do atentado. E, segundo a matéria publicada pelo
jornal A Tarde de 14 de janeiro de 1915, Mineiro, certo de sua morte,
pediu a sua companheira Graciliana Maria da Conceição que lhe trouxesse
uma roupa preta e uma navalha que deixara em sua mala, pois
pretendia poupar seu sofrimento se suicidando. No entanto no momento
em que levava a navalha até o pescoço, um dos policiais o impediu de se
matar.11 No dia seguinte Pedro José Vieira veio a falecer no hospital
Santa Izabel, em virtude dos ferimentos. De acordo com o Diário de
Notícias, o morto respondera a Júri quatro vezes e fora preso em uma
centena de ocasiões. Antes de morrer confessou que “os autores da morte
dos marinheiros do Piauhy eram Sebastião de Souza e Conrado José
dos Santos, mas que ele também tomara parte no conflito, espancando
outros marinheiros do destróier”. Tinha 27 anos de idade e foi enterrado
no cemitério da Quinta dos Lázaros.12



                                                                                                                                       fonte; Adriana Albert Dias**

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

AULAS DE CAPOEIRA
ESCOLA DE DANÇA E ARTE DO CORPO STEMPINIEWISKI
Rua Dr Alberto Seabra nº 1040 - Alto de Pinheiros - São Paulo
fone 3021-0917 e 7817-4546
Prof Caco véio - cref 069538-G/SP

-Professor de Capoeira
-Formado em Educação Física
-Personal em Capoeira, com a disposição de horários
  no período da tarde e a noite, com exceção de Segun-
 das e quartas feiras. 
Amigos levem bebidas que o caldo é por conta da casa!!!!

domingo, 10 de outubro de 2010

ATIVIDADE FÍSICA

Durante muito tempo, a inatividade fisica foi considerada somente um fator de risco secundário no desenvolvimento da doença coronariana, isto é, um estilo de vida sedentário aumentaria o risco de doença coronariana, somente se os outros fatores primários de risco estivessem presentes. No entanto, isto não é mais considerado verdade. Estudos recentes sugerem que a inatividade física é um importante fator de risco de doença coronariana, similar ao tabagismo, à hipertensão e ao nível sérico de colesterol elevado. Esses estudos também demonstram que a atividade física vigorosa regular é útil na redução de doença coronariana entre os tabagistas e hipertensos. Baseando-se nessas evidências cada vez maiores, a AMERICAN HEART ASSOCIATION, reconheceu a inatividade física como um fator de risco primario ou maior. Finalmente, estudos epidemiologicos recentes mostram que os aumentos da atividade física e do condicionamento, estão associados a uma redução da taxa de mortalidade geral, inclusive da doença coronariana. Isso significa que a atividade física deve ser utilizada com outras terapias, para reduzir o risco de doença coronariana daqueles que apresentam outros fatores de risco.   

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O MÚSCULO


















O músculo é o único tecido capaz de desenvolver tensão ativamente. Essa característica permite ao músculo esquelético, ou estriado, realizar as importantes funções de manter a postura ereta do corpo, movimentar seus membros e absorver os choques. Levando-se em conta que o músculo somente consegue desempenhar essas funções quando devidamente estimulado, o sistema nervoso e o sistema muscular humanos recebem com freqüência a denominação coletiva de “sistema neuromúscular”. Quatro, são as principais propriedades comportamentais do tecido muscular; extensibilidade, elasticidade, irritabilidade e a capacidade de desenvolver tensão (contração).  Essas propriedades são comuns a todos os tipos de músculo, ou seja, estriado esquelético (músculos que envolvem o corpo humano e que possibilitam os deslocamentos, movimentos em geral, mantém o esqueleto ereto e protegem as vísceras), liso (órgãos e vísceras) e o cardíaco (somente encontrado no coração). Existem cerca de 434 músculos no corpo humano, perfazendo de 40 a 45% do peso corporal da maioria dos adultos. Os músculos se distribuem aos pares nos lados direito e esquerdo do corpo, com os demais participando em atividades como controle ocular e deglutição. Quando ocorre tensão em um músculo, certas considerações biomecânicas, como a magnitude da força gerada, a rapidez com que a força é desenvolvida e o período de tempo durante o qual a força pode ser mantida, são afetadas pelas características anatômicas ou fisiológicas especificas do músculo.  Sendo assim é interessante pensar que, se o corpo humano tem em metade de seu peso a sua musculatura, dentre ela o músculo liso (órgãos e vísceras), o músculo cardíaco (coração), será que muitas das enfermidades não poderiam ser evitadas, se nós, fizéssemos o uso devido ou facilitasse o seu desempenho em curso normal para o qual o mesmo foi criado, trabalhando suas propriedades???  De que forma??? Atividades, movimentação sistematizada, etc...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CAPOEIRA; sinônimo de socialização e interação





DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO

                 O que é Desenvolvimento Motor Humano?

É a contìnua alteração no comportamento motor ao longo do ciclo da vida, proporcionada  pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do individuo e as condições do ambiente. 
A aquisição de competência em movimentos é um processo extenso, que começa com os primeiros movimentos reflexos do recém-nascido e continua por todo a vida. O processo pelo qual um individuo progride a partir da fase de movimentos reflexos para as fases de movimentos rudimentares e fundamentais e, finalmente, para a fase de habilidades motoras especializadas do desenvolvimento é influenciado por fatores internos às tarefas, ao individuo e ao ambiente.
Os movimentos rudimentares formam uma base importante sobre a qual as habilidades motoras fundamentais são desenvolvidas. As habilidades motoras fundamentais são padrões de movimentos básicos que começam a se desenvolver aproximadamente no mesmo período em que a criança aprende a caminhar independentemente e a movimentar-se livremente pelo ambiente. Essas habilidades básicas locomotoras, manipulativas e estabilizadoras passam por um processo definido e observável da imaturidade para a maturidade. Essa fase inclui os estágios; inicial, elementar e maduro. A realização do estágio maduro é influenciada grandemente pelas oportunidades para a prática, pelo encorajamento e pelo ensino em um ambiente que propicie o aprendizado. Em circunstâncias adequadas, as crianças são capazes de desempenhar, no estágio maduro, por volta dos 6 anos de idade, a maioria dos padrões de movimentos fundamentais. As habilidades motoras fundamentais de crianças que estão entrando na escola muitas vezes não estão completamente desenvolvidas. Os anos iniciais da escola, portanto, são a oportunidade para  desenvolver habilidades motoras fundamentais até níveis maduros. Essas habilidades passarão por processos de melhoria e de refinamento para formar as habilidades motoras especializadas tão necessárias a tarefas recreativas, competitivas e da vida diária.
A fase de habilidades motoras especializadas do desenvolvimento é, na essência, a elaboração da fase fundamental. Habilidades especializadas são mais precisas do que habilidades fundamentais, pois freqüentemente envolvem a combinação de habilidades motoras fundamentais e requerem maior grau de precisão. As habilidades especializadas envolvem três estágios relacionados. O estágio transitório corresponde, tipicamente, ao nível da criança do primeiro ao quarto ano do Ensino Fundamental. Nesse nível, as crianças estão envolvidas em suas primeiras aplicações reais dos movimentos fundamentais ao esporte. Se as habilidades fundamentais, usadas em uma atividade esportiva particular, não estão no nível maduro, a criança recorrerá a padrões elementares ou menos maduros de movimento. Deveria ser óbvio que envolver crianças no refinamento de habilidades esportivas antes de atingirem níveis maduros de habilidades fundamentais, não é atitude sábia. Quando isso acontece, os movimentos imaturos encontrados nos padrões básicos são transportados para as habilidades esportivas relacionadas, com certeza não haverá movimentos com profunda habilidade. A criança na verdade, regressará ao seu padrão característico. É importante que um ensino e um treinamento sensíveis sejam incorporados nesse ponto. Assuntos como esse, são pertinentes a sua aplicação, para que se possa atender a demanda na infância do ser humano, para que esse possa vir a ter uma infância, adolescência e passagem para a vida adulta de forma saudável e preparada para o que a vida nos reserva.
      


                                                                  Fonte: “ COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO HUMANO “
                                                                                                 David L. Gallahue e John C. Ozmun – Phorte

terça-feira, 5 de outubro de 2010



                                       
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

                                                             CENTRO DE DESPORTOS

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Campus Universitário/Trindade - Florianópolis-SC

                               CEP: 88040-900 - Tel: (048) 231 9366 - Fax: (048) 231 9927




DISCIPLINA:  EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A GRADUAÇÃO
MODALIDADE: CAPOEIRA MISTA  (Optativa)
CÓDIGO - DEF 5225  -  TURMA: 0467C
CARGA HORÁRIA: 54 HORAS/AULA (3 aulas semanais)
CRÉDITOS: 03 (TRÊS)
SEMESTRE: 97/1
PROFESSOR: JOSÉ LUIZ CIRQUEIRA FALCÃO
LOCAL: SALA 707  e  GINÁSIO DE  ALUMÍNIO

A Capoeira Angola[1]

            Há uma grande controvérsia em torno da Capoeira Angola, o que faz com que este seja um dos mais difíceis, senão o mais difícil tema para se discutir na capoeira. Muitos capoeiristas acreditam que a Angola é simplesmente uma capoeira jogada mais lentamente, menos agressiva e com golpes mais baixos, com maior utilização do apoio das mãos no chão. Outros explicam que ela contém o que há de essencial da filosofia da capoeira. Há ainda aqueles que, mais radicais, chegam a afirmar que a Capoeira Angola foi completamente superada na história dessa arte-luta pelas técnicas mais modernas, que seriam mais eficientes e adequadas aos tempos atuais, dizendo que é mero saudosismo querer recuperar as tradições da Angola.
            Para que se possa compreender a questão, algumas perguntas devem ser respondidas: A Angola é um "estilo" de capoeira, da mesma forma que há vários estilos de karate, com técnicas bastante distintas entre si? Todo capoeirista deve optar entre ser um "angoleiro" ou um praticante da Capoeira Regional, criada por Mestre Bimba por volta de 1930? Seria possível jogar a Capoeira Angola de maneira idêntica àquela jogada pelos velhos mestres, que tiveram o seu auge no começo deste século? E, ainda: é possível, nos dias de hoje, traçar uma rigorosa separação entre as principais escolas da capoeira, Angola e Regional?
            De uma maneira geral, a Angola é entendida como a capoeira antiga, anterior à criação da Capoeira Regional. Dessa forma, a distinção Angola/Regional é muitas vezes entendida como uma separação nestes termos: capoeira "antiga"/capoeira "moderna". No entanto, a questão não é tão simples assim, uma vez que não houve simplesmente uma superação da Angola pela Regional. Além disso, defender hoje em dia a prática da Capoeira Angola não é apenas querer voltar ao passado, mas buscar na capoeira uma visão de mundo que questionou, desde o princípio, o conceito de eficiência.
            Quando a Regional surgiu, já existia uma tradição consolidada na capoeira, principalmente nas rodas de rua do Rio de Janeiro e da Bahia. Depoimentos obtidos junto aos velhos mestres da capoeira da Bahia lembram nomes importantíssimos na história da luta, como Traíra, Cobrinha Verde, Onça Preta, Pivô, Nagé, Samuel Preto, Daniel Noronha, Geraldo Chapeleiro, Totonho de Maré, Juvenal, Canário Pardo, Aberrê, Livino, Antônio Diabo, Bilusca, Cabelo Bom e outros, aos quais já nos referimos anteriormente. São inúmeras as cantigas que lembram os nomes e as proezas destes capoeiristas, mantendo-os vivos na memória coletiva da capoeira.
            Um capoeirista de grande destaque entre os que defendiam a escola tradicional foi Mestre Waldemar da Liberdade, falecido em 1990. Em 1940, Mestre Waldemar já conduzia a roda de capoeira que viria a ser o mais importante ponto de encontro dos capoeiristas de Salvador, aos domingos, na Liberdade. Infelizmente, na sua velhice Mestre Waldemar não teve o reconhecimento que merecia, e não foram muitos os capoeiristas mais jovens que tiveram a honra de conhecê-lo e ouvi-lo contar suas histórias. Morreu na pobreza, como outros capoeiristas célebres, como Mestre Pastinha.
            Alguns dos frequentadores das famosas rodas de capoeira tradicional de Salvador ainda dão sua contribuição ao desenvolvimento desta arte-luta, ministrando cursos, palestras e, em alguns casos, apesar da avançada idade, ensinando capoeira regularmente em instituições, principalmente em Salvador.
            Conforme foi salientado anteriormente, com o aparecimento de Mestre Bimba, iniciou-se a divisão do universo da capoeira em duas partes, em que uns se voltaram para a preservação das tradições e outros procuraram desenvolver uma capoeira mais rápida e direcionada para o combate. Como nos informaram os velhos mestres da capoeira baiana, a expressão Capoeira Angola ou Capoeira de Angola somente surgiu após a criação da Regional, com o objetivo de se estabelecer uma designação diferente entre esta e a capoeira tradicional, já amplamente difundida. Até então não se fazia necessária a diferenciação, e o jogo se chamava simplesmente capoeira.
            Sabemos que o trabalho desenvolvido por Mestre Bimba mudou os rumos da capoeira, no entanto, muitos foram os capoeiristas que se preocuparam em mostrar que a Angola não precisaria sofrer modificações técnicas, pois já continha elementos para uma eficaz defesa pessoal.
            Após o surgimento da Regional, portanto, iniciou-se uma polarização na capoeira baiana, opondo angoleiros e discípulos de Mestre Bimba. A cisão ficou mais intensa a partir da fundação, em 1941, do Centro Esportivo de Capoeira Angola em Salvador, sob a liderança daquele que é reconhecido como o mais importante representante desta escola, o Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha, 1889-1981). O escritor Jorge Amado descreveu este capoeirista como "um mulato pequeno, de assombrosa agilidade, de resistência incomum. (...) Os adversários sucedem-se, um jovem, outro jovem, mais outro jovem, discípulos ou colegas de Pastinha, e ele os vence a todos e jamais se cansa, jamais perde o fôlego" (Amado,1966:209)
            Talvez pelo fato de a Capoeira Regional ter se expandido amplamente pelo Brasil, principalmente como uma modalidade de luta, passou-se a difundir a idéia de que a Angola não dispunha de recursos para o enfrentamento, afirmando-se ainda que as antigas rodas de capoeira, anteriores a Mestre Bimba, não apresentavam situações reais de combate. Porém, os velhos mestres fazem questão de afirmar que estes ocorriam de uma forma diferente da atual, em que os lutadores se valiam mais da agilidade e da malícia - ou da "mandinga", como se diz na capoeira - do que da força propriamente dita.
            Mestre Pastinha, em seu livro Capoeira Angola, afirma que "sem dúvida, a Capoeira Angola se assemelha a uma graciosa dança onde a 'ginga' maliciosa mostra a extraordinária flexibilidade dos capoeiristas. Mas, Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta violenta" (Pastinha,1964:28).
            Sendo uma prática comum no cotidiano dos anos 30, a capoeira não exigia de seus praticantes nenhuma indumentária especial. O praticante entrava no jogo calçado e com a roupa do dia-a-dia. Nas rodas mais tradicionais, aos domingos, alguns dos capoeiristas mais destacados faziam questão de se apresentar trajando refinados ternos de linho branco, como era comum até meados deste século. Além disso, é importante observar que tradicionalmente o ensino da antiga Capoeira Angola ocorria de maneira vivencial, isto é, de forma espontânea, sem qualquer preocupação metodológica. Os mais novos aprendiam com os capoeiristas mais experimentados diretamente, com a participação na roda. Embora já em 1932 tenha sido fundada por Mestre Bimba a primeira academia de capoeira, no Engenho Velho de Brotas em Salvador, o aprendizado informal desta arte-luta nas ruas das cidades brasileiras predominou até meados da década de 50.
            Atualmente, a maioria dos capoeiristas refere-se à Angola como uma das formas de se jogar a capoeira, não propriamente como um estilo metodizado de capoeira. Para os não iniciados nesta luta, é importante lembrar que a velocidade e outras características do jogo da capoeira estão diretamente relacionados com o tipo de "toque" executado pelo berimbau. Entre vários outros, existe aquele denominado toque de Angola, que tem a característica de ser lento e compassado. Dessa forma, "jogar Angola" consiste atualmente, na maioria dos casos, em jogar capoeira ao som do toque de Angola.
            Dessa forma, a maioria das academias e associações de capoeira do Brasil, ao realizarem suas rodas, têm o hábito de dedicar algum tempo ao jogo de Angola, que nem sempre corresponde àquilo que os antigos capoeiristas denominavam Capoeira Angola. Atualmente, o jogo de Angola caracteriza-se por uma grande utilização das mãos como apoio no chão, e pela execução de golpes de pouca eficiência combativa, mais baixos e mais lentos, realizados com um maior efeito estético pela exploração do equilíbrio e da flexibilidade do capoeirista.
            De fato, seria tarefa muito difícil reproduzir detalhadamente as movimentações e os rituais da antiga capoeira, mesmo porque ela, como qualquer instituição cultural, tem sofrido modificações ao longo de sua história. No entanto, estamos vivendo, há alguns anos, uma intensa preocupação de recuperação do saber ancestral da capoeira, através do contato com os velhos mestres.
            Este fato demonstra uma saudável preocupação da comunidade da capoeira com a preservação de suas raízes históricas. Afinal, se recordarmos que a capoeira, como arte-luta que é, engloba um universo muito mais amplo que simplesmente as técnicas de luta, veremos a quantidade de informações que podem ser obtidas junto aos antigos capoeiristas, que vivenciaram inúmeras situações interessantes ao longo de muitos anos de prática e ensino da arte-luta.
            Acreditamos que algumas das mais relevantes características da Angola a serem recuperadas para os dias de hoje são: a) a continuidade de jogo, em que os capoeiristas procuram explorar ao máximo a movimentação evitando interrupções na dinâmica do jogo; b) a importância das esquivas, fundamentais na Angola, em que o capoeirista evita ao máximo o bloqueio dos movimentos do adversário, procurando trabalhar dentro dos golpes, aproveitando-se dos desequilíbrios e falhas na guarda do outro; c) a capacidade de improvisação, típica dos angoleiros, que sabiam que os golpes e outras técnicas treinadas no dia-a-dia são um ponto de partida para a luta, mas precisam sempre ser moldadas rápida e criativamente à situação do momento; d) a valorização do ritual, que contém um enorme universo de informações sobre o passado de nossa arte-luta e consiste em um grande patrimônio cultural. A antiga capoeira marcava-se por um grande respeito aos rituais tradicionais, diferentemente do que ocorre nos dias de hoje.
            Atualmente, são raras as academias que adotam a denominação de Angola ou Regional para a capoeira que é ali praticada. E, entre as que se identificam como Capoeira Regional, poucas demonstram efetivamente relação direta com o trabalho desenvolvido por Mestre Bimba. Na verdade, os mestres e professores de capoeira afirmam jogar e ensinar uma forma mista, que concilia elementos da Angola tradicional com as inovações introduzidas por Mestre Bimba.
            De fato, como afirmamos anteriormente, delimitar a separação entre essas duas escolas da capoeira é algo muito difícil hoje em dia, e há muitos anos sabe-se que a tendência é que a capoeira incorpore as características dessas duas escolas. No entanto, é fundamental que os capoeiristas conheçam a sua história, para que possam desenvolver sua luta de maneira consciente. A Capoeira Angola e a Capoeira Regional estão fortemente impregnadas de conteúdo histórico, e não se excluem. Completam-se e fazem parte de um mesmo universo cultural.



[1] Artigo de Luiz Renato Vieira, publicado  na Revista CombatSport, n. 21, set. 1994. (Também publicado no Jornal da Capoeira, São Paulo, n. 2, 1996 e no Jornal Muzenza, Curitiba, n. 14, jul. 1996.

domingo, 3 de outubro de 2010

                                  LESÕES DE JOELHO NA PRÁTICA DA CAPOEIRA
Injuries Of Joelho In Practice Of Poultry

CARLOS ROBERTO PELEGRINO ALVES DE SENA
Graduado em Licenciatura em Educação Física pela Uniban 2007
Graduando em Bacharelado em Educação Física pela Uniban 2008

ORIENTADOR: ANDRÉ LUIS MENEZES CARVALHO
Bacharel em Esporte - USP

                                                      
RESUMO
 
A distância entre a prática da capoeira e o universo acadêmico é o fator determinante da origem deste artigo. Atualmente a capoeira é reconhecida como importante atividade física da cultura brasileira. Inúmeros benefícios estão associados a sua prática, contudo, existe uma quantidade restrita de pesquisas sobre as lesões pertinentes a modalidade. O objetivo deste artigo é descrever as principais lesões de joelho decorrentes da prática da capoeira, como também relatar diante de vários, alguns fatores que as promovem. O método utilizado foi à revisão de literatura. Os resultados obtidos sugerem que as principais lesões de joelho encontradas na prática da capoeira são as ligamentares, com predominância de “ligamento cruzado anterior” e as de meniscos. As principais causas das lesões são: as mecânicas, como os deslocamentos rápidos, os movimentos repetitivos e extenuantes e as mudanças bruscas de direção (que acentuam a ação da força de atrito e conseqüentemente a força de reação do solo); e as biológicas como o sistema muscular debilitado, a ação proprioceptiva falha e a flexibilidade muscular limitada.

Palavras chave; capoeira, atrito, lesões e proprioceptiva.



ABSTRACT
The distance between the practice of poultry and the academic world is the determining factor of the origin of this article. Currently, the poultry is recognized as an important physical activity of Brazilian culture. Many benefits are associated with its practice, however, there is a limited amount of research on injuries to relevant modality. This paper describes the major knee injuries arising from the practice of poultry, but also report before several, some factors that promote them. The method used was the review of literature. The results suggest that the principal of knee injuries encountered in the practice of poultry are the ligament, with a predominance of "Crossing Previous ligament and the meniscus of. The main causes of injuries are: the mechanical, as the rapid shifts, the exhausting and repetitive movements and sudden changes of direction (that emphasize the action of the force of friction and therefore the force of reaction soil) and the biological as system weakened muscle, the action proprioceptiva failure and muscle flexibility limited.

Key words; poultry, friction, injuries and proprioceptiva.
para ler este artigo na integra é só acessar este link, obrigado!!!

MUITA CAPOEIRA E FEIJOADA NO GRUPO NOVA GERAÇÃO DE ANGOLA

Sábado 02out2010, o Grupo Nova Geração de Angola e o Grupo de Capoeira Irmãos Guerreiros, promoveram oficinas de Capoeira ministradas pelos Professores Pezão,Indio, Português e Terrivel e o evento posteriormente foi regado por uma bela "FEIJUCA", onde o melhor do evento/festa, foi a socialização e a interação entre as pessoas alí presentes, tudo organizado pelos Professores Toucinho e Pingo,  Supervisionado pelo Mestre Pernalonga, contando também com a presença do Mestre Baixinho e Mestre Marrom (Irmãos Guerreiros).

















MESTRE ALCIDES / CACO VÉIO

MESTRE ALCIDES / CACO VÉIO

CURSO DO MESTRE CAMISA EM 1991- FMU SPAULO

CURSO DO MESTRE CAMISA EM 1991- FMU SPAULO